"Sou obcecado pela linguagem, não canso de trabalhá-la até atingir o ponto que considero satisfatório. Certa vez eu tinha escrito cerca de 50 páginas de um romance, trabalho que me tomou nove meses, mas, depois da reprovação de uma amiga, que teve acesso aos originais, joguei tudo fora e recomecei de novo. Eu me detenho durante muito tempo em cada página e, enquanto não termino o romance, sempre me sinto à vontade para voltar e fazer nova modificação, oito, nove, dez vezes se necessário... Escrever nunca me cansa. Às vezes, gostaria apenas de ser menos obsessivo. Mas não posso evitar. A literatura é uma luta contra a morte, pois seu objetivo é dar sentido à vida. E o que enriquece essa luta é saber vivemos sempre não na faixa do branco do negro, mas em uma intermediária: a do cinza".
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/05/2007 - Ubiratan Brasil
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