"Tenho três histórias em cinema. A primeira foi Bebel que a cidade comeu, transformada no filme Bebel, garota propaganda. A segunda foi Ascensão ao mundo de Anuska, transformada no filme Anuska, manequim e mulher. A terceira foi Retrato do jovem brigador, incluída no filme Vozes do medo. É um curta-metragem. Sei que a linguagem do cinema é outra. Nada tem a ver com o livro. Sei dos problemas de adaptação de texto para imagem. Mesmo assim, odiei Anuska no cinema. Não tinha nada que ver com o conto, o clima do conto, os ambientes do conto. Era o mundo da moda, e quem fez o filme não tinha idéia do que era esse mundo, sua linguagem, o jeito de ser e a psicologia de um manequim e das pessoas envolvidas. Um desastre. Gosto muito de Bebel, Capovilla tinha muito material para trabalhar, escolheu só Bebel, a sua ascenção e queda. Vozes do medo me decepcionou um pouco. O filme (digo o meu episódio) começa violento, cresce e pára, a gente fica sem saber. Na verdade não tive experiência cinematográfica nenhuma. Nem atrapalhou nem ajudou a venda. Com excessão de Zero, todas as minha histórias são quase roteiros de cinema, são construídas em termos de imagens. Foi a influência sofrida pelo cinema e pela literatura norte-americana
Fonte: STEEN, Edla van. Viver & escrever 1. Porto Alegre: LP&M, 2008.
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