Volta para a capa
Como escreve?
Ignácio de Loyola Brandão

"Vou buscar idéias em tudo, em todos os lugares, onde estiver. Quando começo a escrever uma história, sei de onde estou partindo. O que acontece é ter um elemento que eu não sei explicar de onde vem. Um exemplo. Numa palestra em Bauru, uma estudante me perguntou por que eu tinha usado 139 vezes a cor amarela no livro Zero. Tenho algumas suspeitas, mas até hoje não sei exatamente por quê. É muito engraçado, muito gostoso descobrir coisas que você não sabe por que estão no texto. Afinal, que graça tem saber tudo que está ali?. (...) Quando estou fazendo um livro, escrevo todo dia. Levanto às cinco da manhã, faço café e subo. Fico escrevendo até umas oito e meia, nove horas. Desço, tomo um suco de laranja, um iogurte, um Norvasc (remédio para baixar a pressão), e vou a pé para a redação da Vogue. À noite, não costumo trabalhar, fico conversando, vendo televisão, saio. Meu trabalho é matutino, quase madrugando. Se tenho insônia em vez de ficar preocupado com ela, venho aqui pra cima. Vou ver velhos filmes na tevê a cabo ou sento e fico olhando os cadernos, em busca de qualquer coisa que não sei o que é, talvez apenas para me relembrar das anotações".

Fonte: Correio Braziliense, 22/02/1998 - Sergio de Sá

“Mania é fechar todas as portas de armários e a porta do estúdio. Arrumo a mesa. Deixo um dicionário analógico do lado direito. Um bloco de anotações também fica próximo. Nele anoto andamento, duvidas, problemas, palavras consultadas, sinônimos. As vezes nem toco nele, mas preciso dele ali. Meus cadernos e cadernetinhas são todas Claire Fontaine, aquela que os estudantes franceses usam no dia a dia do liceu. Quando vou, compro. Quando vão, peço, me trazem. Quando salvo um texto, preciso escrever o nome do arquivo, se não esqueço no dia seguinte. Talvez seja o Alzheimer chegando, talvez seja praticidade. Faço minhas crônicas para o Estado e para a Tribuna, de Araraquara. Faço crônicas eventuais para house organs. Tenho os livros institucionais. As cartas. Ah, não consigo começar nada sem limpar os e-mails. Nisso levo, às vezes, meia hora. Por isso começo cedo, cerca de 6 da manhã. Quando escrevo um romance, ou algo meu mais longo, começo às 5 e vou até mais ou menos 10”.

Fonte: http://michellaub.wordpress.com (23/10/2012)

Prossiga na entrevista:

Por que escreve?
Onde escreve?
Jornalismo

Cinema

Política

Psicanálise

Relações Literárias

Academia

Biografia