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Política
Ignácio de Loyola Brandão

"Os anos passados na ùltima Hora, jornal de centro-esquerda, me deixaram em contato com a chaga viva da realidade paulistana; e brasileira, portanto. Vi de perto grandes problemas. Convivi com trabalhadores, cobri greves, choques com a polícia, levantei problemas de bairros, percorria os hospitais, as delegacias, os recolhimentos de menores, as repartições públicas, etc. Fuçava, conversava, entrevistava, lia. Então, percebi que tudo que estava escrevendo devia ter um fim maior. Era preciso retratar uma realidade. Denunciar um sistema que oprimia o homem. Defender este homem das injustiças, pedir para ele um mundo melhor. Algo romântico, idealista, mas um objetivo definido que iria se consolidar e ter as arestas aparadas com o tempo. Joguei fora três livros - horríveis, por sinal - até me concentrar e decidir pela publicação dos contos de Depois do Sol. Aqui, ao lado da tentativa de me colocar para fora, de resolver os problemas interiores (veja o personagem dos contos Doente dentro da noite ou Anuska, já surgia a problemática social, o golpe de 64 está retratado em pinceladas no mesmo Anuska e no Retrato do jovem brigador".

Fonte: STEEN, Edla van. Viver & escriver 1. Porto Alegre: LP&M, 2008.

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