"Como aporte do cinema à literatura, temos por exemplo o diálogo. Depois temos a conduta dos heróis. Quando se escreve uma história é preciso analisar a gesticulação adequada de Humphrey Bogart ou James Dean e por seu intermédio a gesticulação de toda uma geração. O cinema educou a conduta, o gestual e na hora de converter o gesto em linguagem, em literatura, isto é importantíssimo. É preciso pesquisar também como o cinema traduz o tempo; a facilidade para criar tempos; como isso foi incorporado pela literatura. Essa necessidade de avançar, retroceder, jogar com o tempo dento do tempo do romance".

Fonte: www.vespito.net/mvm/entr3.html (03/06/2004)

"Tenho um conselho a lhe dar: não as veja (adaptações de meus livros). Continue lendo meus livros, mas não veja como os levam para a tela. Não gosto nada dessas versões. Aliás, não estou sozinho nisso. Poucos escritores toleram o que fazem dos seus livros quando os adaptam para o cinema ou para a TV. Eu me pergunto o que o pobre Kafka acharia da versão que Orson Wells fez de O processo. No entanto, acho o filme admirável... E se Proust, se estivesse vivo para ver o que fizeram de Em busca do tempo perdido? Bem, a lista seria interminável. O fato é que a literatura levada para o cinema não costuma dar certo. Pelo menos os autores das obras sentem assim e eu não sou exceção".

Fonte: O Estado de São Paulo, 21/11/1999 - Luiz Zanin Oricchio