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Como escreve?
Augusto Roa Bastos

"O meu ofício de escritor é tratar de imbricar a oralidade na escrita. Para isso é necessário um método, não existe a arte da magia. Não acredito muito nessas definições exaltadas de Carpentier, tudo aquilo do real maravilhoso. Essa é uma maneira fácil e brilhante de fugir do assunto. Creio que o importante é, por exemplo, tentar achar os sons que formam cada palavra sua correspondência nessa firmeza da escritura, que é a negação primeira da oralidade. A oralidade é movimento e vem de mita gente. Por outro lado, a escritura vem de um ser só, que pensa na palavra escrita. Por isso eu digo: trata-se da miserável honra de confiar às palavras a apetência de eternidade quando o essencial delas é a fugacidade... Claro, a palavra é efêmera e som da oralidade também o é. Meu trabalho é procurar os elementos afins da oralidade e tentar levá-los, devagar, à conformação e à estrutura da escritura. Isso é muito difícil e eu sinto a necessiddade de achar a mobilidade na escritura. Ou seja quebrar a rigidez da escritura".

Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/1997 - Silvia Oroz

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