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Como escrevo?
Ildásio Tavares

"Primeiro vem a criação, depois a depuração. Escrevo e reescrevo incansavelmente em busca daquilo que Mallarmé chamou de 'le mot juste', a palavra exata. Meu primeiro romance eu comecei com 53 ps e fui reescrevendo, da capa, sempre, para 119, 192, 213, até a forma publicável, 265 ps. Assim, fiz com meus outros romances. Com os poemas sou impiedoso, inclusive marcando o número de versões. Os poemas com versos curtos são os mais difíceis. Eu tenho um sonetinho em redondilha menor que está na 24ª versão, já o fiz e refiz e  parece que agora está bem. O caminho da perfeição é o sacrifício, o 'ostinato rigore' de que Dante falava. Reescrevo enquanto está inédito. Dou mais um tratamento quando vai ser publicado. Reescrevo em todas as provas de gráfica. Minha prosa é toda escandida como meus poemas para obter efeitos sonoros mimétricos, enfáticos e simbólicos na relação texto/contexto. Já reescrevi textos publicados quando precisei copiá-los para outra publicação. E não pense que estou satisfeito".

Fonte: RICCINI, Giovanni. Biografia e criação literária. Lauro de Freitas, BA: Livro.com, 2009.

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