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Crítica literária
Alain Robbe-Grillet

"Nunca. Comentei alguns livros que me interessaram muito. Nada mais. A crítica no poder, essa que existe nos grandes jornais, é medíocre e quando leio Le Monde e outros diários franceses, deixo de lado os cadernos literários. Eu sou um artista e interesso-me somente pela minha arte. A tarefa da crítica consiste em se opor ao original, em reagir ao novo com os padrões de passado, defendendo o imobilismo e confirmando o gosto instituído. Os novos romancistas, já lhe disse, escrevem porque não compreendem as suas relações com o mundo. Por não conseguirem responder a duas questões – quem sou eu? e que faço eu aqui? -, os novos romancistas continuam a escrever. Balzac escrevia porque ele compreendia. A Nova Autobiografia revela o desconhecimento que o autor/personagem tem de si mesmo. É o desconhecido, o não-sabido, que interessa... Com certeza. Mas falo da crítica que está no poder, a crítica da mídia. O trabalho dos universitários é melhor, embora sempre haja de tudo em qualquer meio intelectual. A natureza da crítica voltada para o grande público, caso da que é publicada pela imprensa, impede o exame aprofundado e o reconhecimento daquilo que choca. Os jornais querem vender e precisam contentar os consumidores. Por isso, limitam-se ao estabelecido e fogem à contestação.

Fonte: http://zelmar.blogspot.com.br em 16/05/2013.

Possiga na entrevista:

Por que escreve?
Onde escreve?
Psicanálise

Cinema

Relações literárias

Biografia