"Entrei para o movimento trotskista, mas por acidente. Foi uma reunião. Eu conhecia Jim Farrel – já fizera a crítica de um de seus livros, creio que Studs Lonigam – de qualquer maneira, já conhecia Jim Farrel, e fora convidada para uma reunião oferecida por seu editor a Art Young, o velo caricaturista de Masses. Farrel andava dum lado para outro perguntando às pessoas se achavam que deveria ser dado a Trotsky o direito de asilo. Eu disse que sim e foi tudo. Logo descobri que meu nome constava da lista de uma coisa que se intitulava a si mesma de Comitê Americano para a Defesa de Leon Trotsky. Fiquei furiosa, é claro, com o uso de meu nome. Não que meu nome tivesse alguma importância, mas era meu. Justamente quando eu estava prestes a protestar, comecei a receber toda a sorte de apelos de stalinistas para sair do Comitê. Verifiquei que outras pessoas realmente estavam saindo do Comitê, como Freda Kirchwey – ela foi a primeira, penso – e esta covardia me impressionou tão desfavoravelmente que naturalmente nada reclamei sobre o meu nome e nem expliquei que ele ali estava por acidente, sem minha autorização. E fiquei. Comecei a conhecer todas as pessoas do Comitê. Comparecíamos a comícios. Era um mundo completamente diferente. E sério. Foi então que vim a conhecer os PR. Eles ainda não tinham revivido Partisan Review, mas ambos estavam no Comitê pró Trotsky, pelo menos Phillip. Nós – quero dizer, o Comitê – costumávamos nos encontrar no apartamento de Farrel. Lembro-me de uma vez quando nos reunimos na Dia de São Valentino, e eu pensei: “Oh, isto é tão estranho, porque sou a única pessoa nesta sala que sabe que hoje é o dia de São Valentino.” E era verdade! Eu tinha uma porção de amigos ricos, stalinistas, e estava sempre me defendendo deles sobre a questão do Processo de Moscou, Trotsky e coisas assim. Então eu precisava realmente estar bem informada para poder argumentar. Li cada vez mais e cada vez mais me envolvi naquele negócio. Ao mesmo tempo, consegui um emprego em Covici Friede, uma editora de esquerda que já não existe mais, também cheia de stalinistas. Comecei novamente a ver Phillip Rahv porque Covici Friede precisava da opinião de alguns leitores sobre livros russos, e eu me lembre de que ele lia russo, ficando, então encarregado da tarefa, e assim nos aproximamos ainda mais. Quando Partisan Review ressurgiu, eu apareci como uma espécie de membro da revista.
Fonte: COWLEY, Malcolm. Escritores em ação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968.