O impulso inicial foi o de sempre. Aquela ânsia de se encarar no espelho com todas as luzes acesas, sem piedade, e cutucar os buracos do rosto. Aquela vontade de registrar os medos e os fantasmas para assassiná-los ou, ao menos, pregar-lhes um belo susto! Aquele borbulhar estético, o gosto pelo lúdico da gramática. A renovação da promessa de quem não se deve desperdiçar a vida – e prová-la a si mesmo. Todas essas necessidades – e outras menos confessáveis, como o desejo de “imortalidade” ou a fúria de xingar o mundo – deram base aos (poucos) trabalhos de ficção que tenho feito até hoje...
Fonte: AJZENBERG, Bernardo. Porque escrevi “Variações Goldman”.
Página Central, São Paulo, nov. 1998.
|