"Sempre perguntam a um escritor: ‘Por que você escreve?’. Por que sempre aos escritores perguntam isso? Perguntem a um dentista porque ele obtura. Ou a um pipoqueiro por que ele vende pipocas e não diamantes? Já sei o que um piloto de avião diria: ‘Meu sonho, desde criança era voar’. Um comissário de bordo tinha esse sonho, mas descobriu, tarde, que não passa de um garçom, equilibrista de luxo e turbulências... Coisas estranhas. Por que temos cachorros e gatos e vacas domesticadas que nos fartem de leite? Por que o zero está no final do teclado, e não no começo? Por que mordemos canetas e mascamos chicletes? Talvez por isso eu escreva, para que me respondam. Para quê?"
Fonte: Folha de S.Paulo, 02/05/1998
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