Alberto Manguel

“É muito fácil exigir que alguém se comporte como um santo quando se está fora de uma situação. Na época em que morava na Argentina, todo mundo sabia o que estava acontecendo nos porões da ditadura. Todos calaram e continuaram a viver suas vidas. Gunther Grass, recrutado pela SS, poderia ter dito não aos nazistas, mas com certeza teria levado uma bala na cabeça. Não acho que Grass tenha defendido seu direito de pertencer a uma divisão nazista, mas o de se arrepender, por intervenção da Graça”.

Fonte: O Estado de São Paulo, 22/08/2006 – Antonio Gonçalves Filho

por Ariel Dorfman

"Não creio que o fato de Gunther Grass ter ocultado durante quase toda a vida a sua particiáção nas SS de Hitler invalide suas posteriores posturas moraisou políticas. Ele tinha razão em su juizo sobre a amnésia alemã, assim como teve razão em dizer que a reunificação de seu país ter acontecido de outra maneira."

porJohn Berger

"Os moralistas propõem que Grass renuncie a todas as honras recebidas pela obra de sua vida. Sua proposta apenas mostra que, recusando-se sistematicamente a reconhecer a experiência de Grass, eles esqueceram o que é a honra. Grass não esqueceu."

Fonte: Oestado de São Paulo, 27/08/2006

por José Saramago

"A mim, que não sou Céline nem Wagner, também me têm chamado anti-semita pelo fato simples de apoiar e defender o povo palestino contra as violências e as arbitrariedades do Estado de Israel. Nunca separei o escritor da pessoa que o escritor é. A responsabilidade de um é a responsabilidade de outro. Não existe um código moral para o escritor e outro para o homem ou para a mulher que escreveram os livros. Uma conferência minha, Sobre literatura, compromisso e transformação social, termina com as seguintes palavras: 'Depois de deixar este mundo, o escritor será julgado, sobetudo, por aquilo que fez. Enquanto estiver vivo, reclamemos o direito de julgá-lo também por aquilo que é.' Creio que não se pode ser mais claro. E quanto a essa já monótona acusação de anti-semitismo com que pretendem condenar-me às penas infernais, permito-me recordar que os palestino também são semitas."

Fonte: O Estado de São Paulo, 27/08/2006 - Antonio Gonçalves Filho