por Luiz Gusman
“Éramos, na verdade, muito amigos. Cheguei a ter um apartamento no Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca, num período em que Puig também morava no Brasil. Ele morou durante oito anos na Rua Aperana, no Leblon... Puig tinha a virtude de saber ocupar-se dos temas políticos contemporâneos sem abrir mão da qualidade literária. Ele escrevia sobre as coisas no momento exato em que elas ocorriam. Havia um fator muito importante: Puig vivia, quase sempre exilado. Essa distância o ajudava. A proximidade que Puig conseguia com o presente não é nada comum... Com Puig aprendi a ser direto, pois ele é ‘pouco literário’, tem uma escrita suja, direta. Puig, pessoalmente, aparentava ingenuidade, posava de ingênuo. Mas isso era falso. Ele tinha um conhecimento literário imenso, mas escolheu a ingenuidade para retornar ao chão e fugir das influências de Borges e de Cortazar... Não temos grandes personagens na ficção Argentina. Nossa tradição é mais chegada ao conto, em que os personagens, quase sempre, se desenvolvem menos, têm traços ligeiros. Não temos, além disso, grandes personagens femininos. O que há, em geral, é um homem falando de uma mulher, as mulheres só aparecem indiretamente. É nesse sentido que Puig interferiu. Ele não só trouxe as personagens à borda da cena, como só se interessava pelas mulheres – foi talvez o primeiro a criar grandes personagens femininos na literatura Argentina”.
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/09/1997 - José Castello
por Juan José Saer
"Eu não creio na existência de gêneros, Piglia crê. Ele gosta de Manuel Puig, que a mim não agrada nem um pouco. Mas temos enorme interesse naquilo que o outro diz. Temos fé e confiança intelectual. E nos damos muito bem.”
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/11/1996 – José Castello
por Mario Vargas Llosa
"O trabalho de Manuel Puig, autor de oito romances, está entre os mais originais deste fim de século XX. Sua originalidade não aparece nos assuntos, no estilo ou na estrutura de suas narrativas, embora em geral estas demonstrem magnífica habilidde e inteligência sutil, mas nos materiais que usou para criá-las - os tipos e estereótipos da cultura popular".
Fonte: O Globo, 02/09/2000
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