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ENTREVISTA SIMULTÂNEA

José J. Veiga

 

José Jacintho Pereira Veiga

Nasceu em 1915, em Goiás. Trabalhou como jornalista na BBC de Londres. Entrou para a literatura em idade mais ou menos madura (aos 45 anos). Estilista refinado, sua obra tem sido chamada de “literatura fantástica”. Veiga não gostava desse enquadramento, e com toda razão, pois ele surgiu na literatura antes dessa “moda”. É considerado um dos grandes contistas brasileiros, além de exímio tradutor do inglês. Seu primeiro livro, Os cavalinhos de platiplanto (1959), teve a publicação como fruto de uma premiação. O livro chamou a atenção da crítica pelo estilo lúdico, que veio permear alguns dos livros seguintes. Nesse sentido, o autor é um enigma para os bibliotecários e editores que já o classificaram como autor de literatura infanto-juvenil. Está visto agora que tal classificação só é possível numa análise muito apressada. A consagração e o reconhecimento público vieram com A hora dos ruminantes (1966) e Sombras de reis barbudos (1972), duas alegorias que enfocam o tema da repressão político-social, lançadas na época da ditadura. Trata-se de um escritor sério, que não publicou muito, avesso às badalações literárias e de pouca fala. “Sou a favor da economia, falar pouco para dizer mais”, sentenciava. Amigo íntimo de Guimarães Rosa, imaginou que ele gostaria de prefaciar um de seus livros. Mas era radicalmente contra prefácios em romances e, não sabendo como negar, caso o amigo quisesse prefaciar, arranjou um artifício engenhoso: pegou um livro qualquer e comentou com Rosa: “Gostei desse livro, só não é melhor porque tem prefácio”. Rosa emendou: “Mas você não gosta de prefácio?”. “Não, eu detesto prefácio”, respondeu. Rosa arrematou: “Então, você não quer que eu prefacie seu livro?”. “Não”, concluiu. Diante disto, Rosa abriu um sorriso e falou: “E eu estava com o maior receio que você me pedisse para fazer uma coisa que eu não gosto, e não saberia como lhe negar: prefácio”. Os livros de Veiga, lançados muito esporadicamente, eram sempre aguardados pelo público, que não é numeroso, mas seleto e cativo. Outros livros além dos citados: A estranha máquina extraviada (1968), Os pecados da tribo (1976), De jogos e festas (1980), Aquele mundo de vasabarros(1982), A casca da serpente (1989), Torvelinho dia e noite (1990), O risonho cavalo do príncipe (1992) e Objetos turbulentos (1997). Em 1998, recebeu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra. Faleceu em 1999.

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