Orígenes Themudo Lessa
Nasceu em Lençóis Paulista, São Paulo, em 12 de julho de 1903. Filho de pastor protestante erudito, teve suas primeiras experiências literárias em jornaizinhos das escolas evangélicas. Aos 21 anos, deixou a família e foi morar no Rio de Janeiro, onde passou necessidades e sobreviveu dando aulas particulares. Aos 25 anos, sentiu grande vocação para o teatro e matriculou-se na Escola Dramática, com a ajuda de seu diretor Coelho Neto. Conviveu com o teatro durante um ano, escreveu alguns textos e começou a redigir seus primeiros contos. Em seguida, retornou a São Paulo e passou a trabalhar na General Motors como tradutor de inglês. Nesse período (1928-1931) iniciou-se também no jornalismo, trabalhando no Diário da Noite e na Folha da Manhã. Em 1929 reuniu alguns contos e lançou seu primeiro livro: O escritor proibido, bem acolhido pela crítica. No ano seguinte, publicou Garçon, garçonette, garçonniére e recebeu uma “menção honrosa” da Academia Brasileira de Letras. Em 1931, lançou A Cidade que o diabo esqueceu e se estabeleceu como contista malicioso, irônico e não raro cruel, o gênero que o consagraria. Por essa época passou a trabalhar numa empresa de propaganda e tornou-se um dos redatores de publicidade mais respeitados do país. Nesta condição passou a escrever mais tranqüilamente, sem preocupações financeiras, sendo esta a temática de seu primeiro romance: O feijão e o sonho (1938). É a história de um escritor a debater-se entre as aspirações e a luta cotidiana pela sobrevivência. O livro, um sucesso de crítica e público, arrebatou o prêmio da Academia Paulista de Letras, teve sucessivas edições e foi traduzido em diversos países. Não obstante seu talento para contos – Omelete em Bombaim (1946), A desintegração da morte (1948), Balbino, homem do mar (1960), Nove mulheres (1968) –, escreveu, também, romances premiados: Rua do sol (1955), A Noite sem homem (1968) e mais de 30 livros dedicados ao público infanto-juvenil. Em 1981, ingressou na Academia Brasileira de Letras e manteve a mesma postura ao considerar “escritor, um título muito grande para mim. Prefiro usar o título dado por sobrinho, que me chama de escrevedor”. Ao completar 80 anos, declarou que seu maior sonho era tornar a biblioteca de Lençóis Paulista a melhor biblioteca do interior do Brasil. Além de doar sua biblioteca pessoal ao município, fez uso de sua influência entre os escritores para angariar livros. Sabendo que a Prefeitura estava prestes a criar um novo bairro, convenceu o prefeito a dar nomes de escritores às novas ruas. Por outro lado, mobilizou os escritores a doarem livros à biblioteca. Quem desse muito, poderia ter o nome estampado numa avenida ou praça; quem desse uma quantidade razoável, seria nome de rua; e quem desse pouco, teria ao menos seu nome estampado num beco qualquer. Assim, Lençóis Paulista conta hoje com a maior biblioteca de livros autografados do Brasil, com um acervo de quase 100 mil volumes. Mais tarde teve sua denominação modificada para "Centro Cultural Orígenes Lessa", concretizando o sonho do escritor falecido em 13 de julho de 1986.
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