“A partir do momento em que uma imagem aparece e desaparece, ela perde para a linguagem escrita, que perdura. Esse é um aspecto fundamental do problema, que deveria colaborar para tornar os dois gêneros coexistentes. Fazendo um jogo de palavras, diria que a leitura é sobretudo a releitura. Reli muitas vezes Crime e Castigo, Os Irmãos Karamazov, Ana Karenina, Machado de Assis, porque apenas a leitura não basta. É preciso a releitura, para que haja uma relação mais profunda entre o leitor e o que ele lê. Com a televisão, com a imagem, isso não é possível. A leitura é mais inteligente, porque estabelece não só uma relação mais profunda, como também uma intimidade maior entre o leitor e o livro. O texto literário continuará existindo daqui a 1.200 anos. Ele não morre, porque se ele morrer o mundo começará a morrer junto”.
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/09/1978 – Lourenço Dantas Mota
“Não (as adaptações de minhas peças para o cinema não têm conseguido traduzir exatamente a atmosfera e o conteúdo de minhas idéias). Nem chegaram próximo. Os que mais se aproximaram foram O Boca de Ouro, de Nélson Pereira dos Santos, e Toda Nudez Será Castigada, de Arnaldo Jabor, este último, um cineasta que tem procurado entrar no profundo e essencial de minhas peças. Já A Falecida, de Leon Hirszman, com uma produção muita cuidada e um desempenho magnífico de Fernanda Montenegro, teve um pecado capital: não levou para as telas o meu humor. Na minha obra, o humorístico existe paralelo ao patético. São duas formas que não se competem e coexistem”.
Fonte: Ele & Ela, n. 28, junho de 1993 – Denis de Moraes
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