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Relações Literárias
NELSON RODRIGUES

por Alceu Amoroso Lima

"Nelson Rodrigues, meu antigo amigo, que brigou comigo por causa de um simples mal-entendido. Admiro Nelson Rodrigues, de quem fui amigo, e esse é também o caso do Gustavo Corção. Fui grande amigo de Corção e depois nos separamos, por divergências de idéias, mas a morte dele nos reuniu de novo. Com o Nelson Rodrigues acontecerá uma coisa parecida. Também a minha morte, ou a dele, nos reunirá de novo”.

Fonte:  O Estado de São Paulo, 23/10/1978 – Lourenço Dantas Mota

 

por Antonio Callado 

“Tive uma relação muito intensa com o Nelson. Ele era diferente de todo mundo que conheci e me achava um exemplar curioso de gente. Ficava impressonado com o fato de eu conseguir agir em silêncio naquela época tão barulhenta

Fonte: O Globo, 06/01/1996

 

"Briguei com o Nelson porque ele contou em público uma conversa que nós tivemos. Éramos eu, Nelson e Miguel Luis numa conversa, como se você estivesse presente também, sobre a libertação de um embaixador. O Ruy Castro reproduz isso num artigo sobre o Nelson, mas não põe meu nome. Como eles não libertaram, acabaram matando o embaixador, o que foi uma violência inominável. Eu disse que achava que os colombianos estavam brincando com fogo. O Nelson publicou isso e fiquei muito chateado".

Fonte: LUCENA, Suênio Campos de. 21 brasileiros: uma viagem entre mitos e motes. São Paulo: Escrituras, 2001.

por Ariano Suassuna

“Às vezes as pessoas me perguntam se eu gosto do teatro de Nelson Rodrigues. Aí eu digo: ‘homem não me pergunte isso não!’. Porque eu não gosto. Se eu gostasse, eu escreveria como ele. Nelson escrevia sobre os problemas da classe média suburbana carioca. Tem uma peça dele que fala sobre um rapaz que é apaixonado pela irmã, mas ela na pode atendê-lo porque é apaixonada pelo pai, e o pai... Ah!, rapaz, eu não me interesso por esse tipo de coisa não. Agora, por outro lado, ele detestava o meu teatro. E tinha toda razão, eu falando de cangaceiro com gaita, eu acho que ele tinha horror”.

Fonte: Preá – Revista Cultural do Rio Grande do Norte. N. 14 out. 2005 – Gustavo Porpino e Racine Santos

 

por Dias Gomes

"Essa onda em torno de Nelson Rodrigues é, também, uma característica da falta de rumo do teatro. De repente o Nelson morre e as pessoas o descobrem. Fez muito pouco sucesso em vida e depois de morto virou gênio. Então, montam o Nelson Rodrigues adoidado, uma enxurrada, até prejudicando uma visão nítida de sua obra. Isso resulta do vazio em que estamos... Ele tinha uma pinimba comigo. Nem sei por quê. Troquei com ele umas três ou quatro palavras. Aliás ele brigou com todos os autores que surgiram na década de 1960 e foram bem-sucedidos, O Vianinha, o Guarnieri e eu. Ele tinha uma grande frustração por não ganhar prêmios; só recebeu quando estava perto da morte, no regime militar deram-lhe um prêmio qualquer. Vivia nos gozando porque ganhávamos prêmios. Essa frase - 'O teatro brasileiro precisou de 400 anos para passar de Shakespeare à Dias Gomes' - é de uma crônica dele. Era muito engraçado, ri muito quando li. Tivemos uma certa polêmica, fabricada um pouco pela imprensa".

Fonte: LUCENA, Suênio Campos de. 21 escritores brasileiros: uma viagem entre mitos e motes. São Paulo: Escrituras, 2001.

"Com o Procópio Ferreira. Eu passei pela renovação, tenho a pretensão de ter contribuído até um pouco para a renovação da dramaturgia brasileira. E até hoje estou na militância. Então, ele referindo-se a isso, disse: “Poxa, você é todo o teatro brasileiro”. E eu disse: “que Nelson Rodrigues não nos ouça”. Ele pegou e fez uma intriga e levou para o Nelson, e o Nelson ficou uma fera. [risos] Me esculhambou e tal, aí houve uma polêmica. Eu estava lançando uma peça, Campeões do mundo, a produção da peça achou ótimo, começou a estimular a polêmica, porque fazia propaganda da peça. Aí ele disse que eu tinha começado imitando Joracy Camargo, e eu disse que ele era o Tennessee Williams de Madureira... [risos] A coisa pegou fogo, mas foi tudo armado. Evidentemente foi uma polêmica armada pela imprensa. A imprensa, você sabe, arma essas coisas".

Fonte: Programa Roda Viva, da TV Cultura, 12/06/1995

por Gilberto Fryre

Nelson Rodrigues avulta na literatura atual do Brasil, como o nosso maior teatrólogo. O maior de hoje e o maior de todos os tempos. Pode ser considerado um equivalente, nesse setor, do Eugene O'Neil: do que foi O'Neil na literatura, dos Estados Unidos.

Mas ele é também o mais incisivamente escritor, sem deixar de ser vibrantemente jornalístico, dos cronistas brasileiros de hoje. O maior dos jornalistas literários - potencialmente literários - que tem tido o Brasil. Nesse setor é um equivalente do que foi e é - quem o superou? - Eça de Queirós na literatura portuguesa. Apenas com esta diferença: no brasileiro há um vigor de expressão maior do que em Eça - um Eça até hoje inatingido e, talvez, inatingível, na graça artística que soube dar ao seu jornalismo literário.

Fonte: FREYRE, Gilberto. Nelson Rodrigues, escritor. In: RODRIGUES, Nelson. O reacionário: memórias e confissões. Rio de Janeiro: Record, 1977. p. 9-10.

por Isabel Lustosa

“Acho que há um certo exagero em torno da qualidade literária dos livros de  Nelson Rodrigues”.

Fonte: O Estado de São Paulo, 14/08/2005

por Millôr Fernandes

“Nelson Rodrigues é supervalorizado. Isso sem tirar os méritos dele. Fui amigo do Nelson. Ele era um talento invulgar e tinha opinião própria – embora sua posição com relação ao período da ditadura do Médici tenha sido imperdoável. Mas ele tinha uma capacidade de dizer coisas curiosas de maneira engraçada. E fez um teatro importante. Mas, como obra total, acho que atualmente há uma valorização excessiva”.

Fonte: O Globo, 25/09/1994 – Eros Ramos de Almeida  

 

Por Sábato Magaldi

"Ele sempre conversava, não era muito extrovertido, mas também não era macambúzio.Erauma pessoa muito afetuosa, mas a gene morria de medo dos comentários dele. exatamente porque pegava o lado mais grotesco de uma situação e sabia explorar isso muito bem, fazia uma bruta caçoada com as coisas. Isso contribuiu para o lado trágico do teatro dele".

Fonte: MAETTI, Eduardo. 43 escritores: entrevistas da Revista Submarino. São Paulo: Limiar, 2002.

por Wilson Figueiredo

"Ele achava que o texto devia ser pessoal. Mas o jornalismo moderno, além de apressado, é impessoal. Você lê a notícia e não sabe quem a escreveu. Tem um padrão, tem um método técnico. Nelson gostava quando o autor aparecia por trás da matéria. A formação jornalística dele é anterior à guerra. O jornalismo americano, que é o modelo que seguimos atualmente, chegou ao Brasil depois da guerra, no fim dos anos 1950.  Em Nelson, tudo se resumia à maneira peessoa de dizer as coisas. Ele era personalissimo, inconfundível e chegava a ser repetitivo. Era um catador de adjetivos de precisão anormal".

Fonte: Jornal da ABI, nº 387, fev. 2013 - Paulo Chico

por Wilson Martins

“(Nelson Rodrigues era) popularíssimo, ficou mais ainda depois da biografia do Ruy Castro que, na verdade, reinventou o Nelson, conferiu a ele uma estatura que ele não tinha e que sua obra marcada pela psicanálise amadora, não justifica. É preciso esclarecer um dos grandes mal-entendidos deste século. O sucesso de Vestido de noiva deve-se à montagem de Ziembinski. As peças do Nelson são provocativas, famílias com 15 adultérios, um caso a estudar acrescido da reconstrução que o livro do Ruy Castro executou.

Fonte: O Estado de São Paulo, 26/07/1996 – Norma Couri   

 

“Não sou admirador da obra do Nelson, que me parece um tanto demagógica. Penso que esse é mais um caso a ser reavaliado. Com sua biografia, O anjo pornográfico, Ruy Castro propôs a idéia de que Nelson é o grande dramaturgo brasileiro. Mas mesmo o Vestido de noiva, que é sua única grande obra, já mereceu muitas ressalvas. Minha avaliação do teatro do Nelson não é nem um pouco positiva. Suas peças procuram sempre provocar escândalo. Ele multiplicava os incestos, as traições, fazia uma teatro sensacionalista”.

Fonte: O Estado de São Paulo, 30/05/1998 – José Castello 

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