"A minha vida literária começou quando eu tinha sete anos. Eu estava no 3º ano primário. E houve um dia, na aula, um concurso de composição. Geralmente a gente escrevia sobre estampas de vacas, de galinhas, as naquele dia a professora resolveu que a gente fizesse uma composição da nossa própria cabeça, pra que a gente usasse a fantasia. E assim se fez. Ganharam dois sujeitos: eu e um outro menino, O outro menino escrevia sobre o passeio de um rajá num elefante. E eu, então, fiz pela primeira vez na minha vida a estória de uma infidelidade conjugal – o marido descobria e esfaqueava sua esposa. Aí já estava mais ou menos a semente de todas as minhas obras futuras; essa coisa sexual”.
Fonte: Escrita (São Paulo) ano II, nº 15, 1976.
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"Um dia passo pela porta do Teatro Rival, onde estava representando o Jaime Costa; Era um peça do Raimundo Magalhães Júnior. A família lero-lero. Parei e veio um conhecido meu que trabalhava no teatro e me disse que a peça estava dando os tubos. Informei-me depois e era verdade: dava uma fortuna. Disse a mim mesmo: ‘Vou fazer uma chanchada e ver se dá dinheiro. Pode ser que sim’. Precisava de dinheiro para mim, para a minha família. Animei-me e fui escrever a chanchada. Vejam o que é o segredo da carreira de um escritor brasileiro. Comece a escrever e, na segunda página, aquela peça – A mulher sem pecado – ficou séria. E a cada página foi ficando mais séria. Não fiz nenhuma concessão ao humor. Fiquei surpreso, vagamente divertido e impressionado com isso”.
Fonte: MOTA, L.D. A história vivida (2). São Paulo: O Estado de São Paulo, 1981.
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