"Eu conheci o Sacha Gordini num jantar. ele procurava uma história para um filme. Fiz uma sinopse. Ele gostou. Vendi o argumento para ele. Andei inclusive fichando os castelos da realeza brasileira, cujo dono era o Assis Chateaubriand e cuja castelã era minha amiga Maria Luiza Saraiva, irmã do Clementino Fraga. Ela me trancou num, passei uns vinte dias com a minha secretária e fiz a primeira découpage, o roteiro com continuidade... Não, não vendi caro. fui muito mal aconselhado, na época. O Gordini queria me dar interesse no filme e eu acabei vendendo por dois milhões de francos antigos, que não são nada hoje. O filme já rendeu quarenta milhões de dólares. E eu podia ter 3% da renda, imagine. Não precisava mais olhar para o trabalho na minha vida... Eu tive uma decepção terrível. todo mundo falava no filme, o maior clima de agitação, mas eu não tinha visto o filme. O Juscelino me chamou ao palácio, para uma sessão especial. Eu estava casado com a Maria Lúcia Proença - dessa eu posso citar o nome porque ela não se casou mais -, e fomos nós dois assistir o fime com a família Kubitschek, e os produtores franceses. Meu desaponto foi horrível. Eu esperava uma obra de arte. Comercialmente bem feito, com aquela mania de francês pelo exotique, né, o filme ganhou a Palma de Outro, no Festival de Cannes, e o Oscar, em Hollywood"
Fonte: STEEN, Edla van. Viver & escrever. v. 3, 2ed. Porto Alegre, RS: L&PM, 2008.
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