"Acho que o engajamento político o cara só deve ter quando aquilo é tão importante para ele que passa a ser sua própria razão de existir, ele não pode viver fora daquilo. É um compromisso que assume consigo mesmo e com a sociedade, e ponto. Agora, o cara sentir a obrigação de expressar isso na arte dele, só quando pinta bem. Eu tenho um envolvimento político bastante grande, mas nunca o expressei em minha poesia, exceto quando surgiu como uma coisa válida, como em Operário em construção, Os barões da terra, Mensagem à poesia. Mas são bons poemas. Eu fiz tembém muita coisa política que era uma merda e joguei fora".
Fonte: Revista Ele&Ela, março de 1979 - Narceu de Almeida Filho
"Claro que acredito na responsabilidade do poeta para com a sua época. Sobretudo com relação aos jovens. Não sei se perfeita ou imperfeitamente, acho que dei minha contribuição à literatura do meu tempo, do meu país. Um poema como O operário em construção, por exemplo, é uma contribuição. Não sou um ser particularmente político, porque não tenho vocação. Sou um cara de esquerda e devo carregar o ônus de ser um cara de esquerda num mundo de direita. Um mundo tão injusto... Vamos mudar de pergunta?"
Fonte: STEEN, Edla van. Viver & escrever. v.3, 2ed. Porto Alegre, RS: L&PM, 2008
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