"Nesse mundo pós-moderno, somos condicionados a não pensar, a receber tudo pronto, acabado, porque muitos de nós somos condicionados pelo sistema político e oriundos de uma educação formal precária, que deixa a desejar, pois não consegue, a contento, desenvolver leitores pensantes, críticos, de modo que a falta de conhecimentos prévios e a mera decodificação textual não permitem à maioria dos nossos estudantes-leitores alçar voos maiores. [...] De acordo com Barthes, o escritor sempre imita um gesto anterior e tende a misturar as escritas; às vezes, contrariá-las, de modo a nunca se apoiar em nenhuma delas. Em outras palavras, utilizamos sempre de certa repetição, embora de forma diferente, daquilo que já fora construído. Isso é próprio da literatura. Em O Ritual dos Chrysântemos, eu quis chamar meu leitor à cumplicidade autoral, deixando a dúvida, no lugar da certeza do delegado Mckinleu, porque a única verdade, de acordo com o texto, está na escritura, ou seja, a scriptura sui ipsus interpres, a escritura é sua própria intérprete. Em suma, nesse mundo pós-moderno, líquido, onde o medo e a insegurança é cada vez maior, e não temos controle das coisas, a verdade é muito relativa. Não a temos ou não a sabemos por completa"
Fonte: www.digestivocultural.com/blog/post.asp?codigo=3952&titulo=Entrevista:_Celso_Kallarrari
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