Volta para a capa
Como escreve?
Dias Gomes

"Não conheço nenhum (processo de inspiração). Ele vem como e quando quer vir, das formas mais diferentes. Nunca tive duas peças que nascessem do mesmo modo. Na televisão, dado seu sistema de trabalho, aprende-se a trabalhar sem inspiração. Do contrário, ninguém poderia escrever novelas... Escrevo todos os dias, é verdade, mas o tempo que dedico a isso varia. Para mim, escrever é sinônimo de viver. Não vivo se não escrevo, mas tanto posso passar apenas alguns minutos como dez horas diárias diante do computador".

Fonte: O Estado de S.Paulo, 26/03/1996 - Natasha Szanieck.

Faço mil anotações, entrego-me a uma verdadeira masturbação mental, pesquisando até  aexaustão a temática que vou abordar e investigando minuciosamnte a vida dos personagens que vou manipular e, principalmente, buscando a forma, porque acho que cada peça tem a sua forma própria, que nasce dela mesma. Daí alguns críticos notarem o que eles, equivocadamente, chamam de 'falta de unidade estilística' em meu teatro. Na verdade, o que há é uma variedade de formas, decorrente de uma inquietação pessoal (você também pode chamar de volubilidade) e da concepção de que o tema impõe a forma e não o inverso... Escrevo direto à máquina. Quando o diálogo emperra por algum motivo, faço um rascunho, à mão, parece que há menos compromisso e por isso sai mais fácil.A letra de forma impõe um nível de exigência, a frase tem de sair já quase pronta, acabada, redonda. E, quando não se está muito inspirado, o trabalho caminha lento. A hora que escrevo melhor é das quatro às sete da tarde. À noite, eu só escrevo aquilo que me dá muito prazer escrever. Nada que eu esteja fazendo por obrigação, por um compromisso assumido. Como disse Jorge Amado, a noite é feita para o amor... Ou para as coisas que a gente faz com amor ".

Fonte: STEEN, Edla van. Viver & escrever 1. Porto Alegre: LP&M, 2008.

Prossiga na entrevista:

Por que escreve?

Onde escreve?

O que é inspiração?

Cinema

Psicanálise
Política

Biografia