"Disciplina profissional. Eu não sou poeta de fim de semana, nem faço por hobby, como quem faz poesia quando vai para a praia. Faço poesia 24 horas por dia. Montei a minha vida de tal forma que a produção textual, seja ela qual for, é que me permite pagar o aluguel no fim do mês, a escola de minha filhas, o meu cigarro e vinho. Para mim, não há hora, de preferência as 24 horas do dia, isto é, a qualquer hora. Inclusive, existem versos que me vieram em sonho. Quando acordei, de manhã, disse: 'Puxa, me veio uma frase'. Isso me acontece não com frequência, mas acorntece. Antigamente, eu trabalhava mais no sentido de adquirir aquela perícia artesanal que todo mundo tem que ter. Agora, acho que as coisas estão mais automatizadas em mim. A distância entre expressão e realização está menor. Quer dizer, com dois toques eu estou chutando em gol. Antigamente, eu levava mais tempo para passar da defesa para o meio de campo, agora é mais rápido. Mas isso não tem nada de miraculoso, é um processo de conscentração no seu fazer. Como um ofício".
Fonte: Um escritor na biblioteca: Curitiba: Biblioteca Pública do Paraná: 1980. 2013.
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