"Em matéria de poesia, eu estava muito ligado ao espaço. Escrevia no espaço. Hoje, eu estou escrevendo no tempo. Cumpri meu serviço militar na poesia concreta. Então, a minha poesia pesava a página, as palavras procuravam o espaço da página. Era o valor do espaço que me dirigia. Depois, com o meu contato cada vez maior com a música; com o fato de ter me tranformado em músico, letrista, comecei a escrever no tempo. Quer dizer, comecei a escrever na cadência da fala. A minha poesia se tornou um pouco mais caudalosa. Eu fazia poesia com menos palavras na época em que era espacial, mas hoje sou temporal. O próprio compromisso de massas que assumi, com a coluna de um jornal que circula em mais de 300 cidades do interior do Paraná, como é o Correio de Notícias, na qual ocasionalmente publico também poesia, fez com que eu tenha mudado de página, vamos dizer assim. Agora escrevo mais para o gravador do que para a página. A minha poesia está sendo escrita no tempo".
Fonte: Um escritor na biblioteca: 1980. Curitiba: Biblioteca Pública do Paraná, 2013.
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