"Detesto escrever. Não me lembro de escrever voluntariamente nada. O romance não é voluntário. É uma jornada que você inicia e que não se pode deixar no meio do caminho. Morro de preguiça. O romance vai surgindo em sua cabeça. Às vezes leva anos o processo de encubação da história. Um dos dramas é escolher os nomes dos personagens. Maria Moura, por exemplo, ficou na minha cabeça durante 17 anos até eu sentar e escrever. Deve ser uma maldição, como a dos lobisomens..."

Fonte: Jornal do Brasil, 19/06/1994 - Ana de Madureira Pinho

"Agora mesmo estou querendo escrever um livro infantil. É uma idéia que tive de um passarinho que foi criado no meio de morcegos. Uma andorinha deixou um ovo na parede e foi enxotada do bando de andorinhas; nasceu do ovo aquele passarinho que foi criado pelos morcegos; então ele adquiriu os hábitos do morcego, aprendeu a dormir penduradinho. Isto até que, no verão seguinte, o bando de andorinhas retorna e ele reconhece que é uma andorinha... No fundo é a história do Patinho feio. Mas o grande trabalho dele foi a readaptação à vida de pássaro, quando, na verdade, ele sente que sempre foi um morcego. É esta a história que estou escrevendo".

Fonte: RICCIARDI, Giovanni. Auto-retratos. São Paulo: Martins Fontes, 1991.