"Há, pelo menos, três tipos de “crítica”. A primeira é a critica informativa - de caráter jornalístico, tipo prestação de serviço ao público e uma outra que chamaria de crítica celebrativa. Esta é a crítica de endosso, feita às vezes de encomenda. A imprensa tende a misturar as duas, sobretudo depois da emergência dos divulgadores, curadores, galerias. Isto está mais para o “release”. Outra coisa é a crítica reflexiva, que se preocupa realmente em analisar obras e autores objetiva e independentemente. Segundo os estudiosos, desde os anos 60 estabeleceu-se um certa confusão nesses campos. O que estou fazendo é uma metacrítica, a crítica da critica: pegar os grandes analistas (O.Paz, Jean Clair, Derridá, Barthes, etc) e ver alguns equívocos do discurso crítico deles. Se os grandes cometem tais erros, imaginem os diluidores?!...O que tento deslindar é um problema recente fascinante e grave: alguns críticos são romancistas e poetas frustrados. Barthes queria ser ficcionista, Derridá tinha um complexo de James Joyce mal resolvido. Pode parecer irônico, e o é, que seja eu, um poeta a dizer a certos críticos que parem de misturar as coisas e comportem-se primeiramente como críticos... A função da crítica é ampliar a leitura e propiciar o entendimento da obra. O crítico deve exercer o que chamo de “terceiro olhar”. A função do crítico é discernir, clarear, estabelecer categorias e não cair em armadilhas alheias, como ocorreu com Rosemberg, Danto e Geenberg. Quando você fala de “devaneio” é bom alertar que a crítica, como o processo de criação, não é a casa da mãe Joana. Essa bobagem que Duchamp disse que todo mundo é artista, todo mundo é crítico, não chega a ser engraçado. É apenas uma frase tola"
Fonte: http://www.gargantadaserpente.com/entrevista/affonsoromano3.shtml.
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