"A crítica, entre nós, ainda é deficientíssima e os nossos críticos são mais ou menos improvisados e raríssimos são entre eles os que têm a verdadeira cultura filosófica e artística. Em geral, são indivíduos muito lidos, mas é preciso não confundir muita leitura e cultura. Se nós tivéssemos uma verdadeira crítica literária no país, esta se preocuparia mais em não permitir que subissem a uma grande consideração certos artistas de improviso, muito talentosos (aliás, os brasiléÍros em geral têm muito talento), mas desprovidos de qualquer possibilidade de arte. O resultado é que estes artistas de improviso começam a inventar uma porção de desculpas que justifiquem a inexistência de arte nas suas obras...
"Nunca leio ataques à minha obra nem cartas anônimas. Só leio elogios. Quando me perguntam a razão desse método, respondo que leio os elogios porque eles não me impedem de guardar a opinião que tenho sobre minhas próprias obras; não leio os ataques porque podem ser verdadeiros e não leio as cartas anônimas porque tenho receio de modificar o juízo otimista que faço da humanidade".
Fonte:
LOPEZ, Telê Porto Ancona. Mário de Andrade: Entrevistas e depoimentos. São Paulo: T.A. Queiroz, Editor. 1983.