"É o grande erro do escritor de ficção; Filosofar num romance é um erro básico. Até porque o romance não serve para provar nada. Ficção é para contar histórias e alcançar alto nível artístico. Obra de arte, em geral, não tem de provar nada. E quado o autor não é filósofo, a besteira se torna torturante. Substitui a beleza pelo discurso estéril. Veja o caso de Sartre, um filósofo notável, com um trabalho de categoria, um ótimo pensador. No entanto, quando tenta defender suas ideias numa obra de arte - a trilogia de romances Os caminhos da liberdade, com A idade da razão, Com a morte na alma e Sursis - leva uma queda danada. Não é mau escritor, claro. Continua polêmico e vibrante. Mas seus livros não são obras sistêmicas de filosofia, nem são obras de arte. Ficam no meio do caminho. Porque a filosofia impede o desenvolvimento artístico. Quando muito, talvez se possa usar um personagem-filósofo. Mesmo assim é um risco muito grande. E, no caso do inciante, o risco ainda é maior. Porque, na maioria das vezes, ele nem está preparado para pensar filosoficamete - intui umas coisinhas aqui e ali, ejá chama isso de filosofia. É o risco. Romancista tem que lidar com problema de romancista. O que já é muito trabalho.
Fonte: http://www.recantodasletras.com.br (24/2/2016)
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