"James Joyce não me influenciou de forma alguma...
De certo modo (sofri influência de Púchkin) - não mais do que, digamos. Tolstoi ou Turgueniêv foram influenciados pelo brio e pela pureza da arte de Púchkin... Quanto a Gogol, eu fui cuidadoso o bastante para não aprender nada com ele. Como professor, ele é ambíguo e perigoso. Em seu pior aspecto, no que escreveu sobre a Ucrânia, é um escritor sem qualquer valor ou mérito; no melhor, é incomparável, inimitável... H. G. Wells, um grande artista, era o meu escritor favorito quando eu era garoto. The Passionate friends, Ann Veronica, The time machine, The country of the blind, todas essas histórias são muito melhores do que qualquer coisa de Bennett ou Conrad, ou, na verdade, do que qualquer coisa que pudesse ser produzida por qualquer contemporâneo de Wells. Suas idéias de reforma social podem, seguramente, ser ignoradas, é claro; mas seus romances e ficções são excelentes. Uma noite, em nossa casa em São Petersburgo, houve um momento horrível durante o jantar quando Zinaida Vengerov, tradutora de Wells, disse a ele, com um meneio: "Sabe, de suas obras, a minha favorita é The lost world".(O nome correto é The war of the worlds) (N.T) No que meu pai rebateu, sem qualquer hesitação: "Ela está querendo dizer a guerra que os marcianos perderam".
Fonte: Os escritores 2: as históricas entrevistas da Paris Review. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.