“Não sou entendido, mas já li um livro inteiro para ficar conhecendo a estrutura da forma sonata, Houve tempo em que andei arranhando o violão, no qual cheguei a tocar, ainda que mal, o Rondó, de Aguado e - não se ria... – uma bourrée de Bach. Há uns quarenta anos, com grande dificuldade tirei por música ao piano e decorei meia dúzia de peças, algumas ainda hoje toco - os Prelúdios 4 e 20 de Chopin, o Aveu do carnaval de Schumann e uma pecinha de Mac-Dowell... O violão aliás, tem-me sido útil, pois nele é que tiro a melodia das músicas para as quais me pedem versos. Foi assim, por exemplo, que escrevi as palavras do Azulão de Jaime Ovalle... A música não é para mim um simples passatempo; é uma necessidade. Privado dela me sinto infeliz de todo... Na verdade, faço versos porque não sei fazer música”.
Fonte: SENNA, Homero. República das letras. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996.
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