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Política
Luiz Ruffato

Toda a minha escrita se constituiu como parte de uma decisão política. Na literatura de ambientação urbana no Brasil, não há representações da classe-media baixa, do trabalhador. E isso não é só na literatura não. Veja bem, no Brasil há inúmeras ruas com nomes de corruptos notórios, nunca vi uma rua chamada operário fulano de tal. Fui operário e fruto de uma família operária. Decidi escrever sobre isso. Representar esse universo na literatura é uma decisão política. Claro, essa foi uma decisão estética também... Eu não acredito que estética e politica sejam coisas que estejam separadas. Então, quando tomei essa decisão, de escrever sobre o universo do trabalhador, queria desarmar a imagem profundamente caricata que o trabalhador pobre e de classe-média baixa tem na literatura brasileira. Além disso, tinha um problema também de linguagem. Veja bem, não é porque você vai descrever pessoas pobres que a linguagem e a psicologia têm que ser pobre. Eu me voltei muito contra esse preconceito".

Fonte: Entrevista realizada em março de 2015, Holanda.

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