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Por que escreve?
Fernando Namora

"Muitas respostas se poderiam propor, todas fundamentadas e todas diferentes, nenhuma delas, porém, suficiente. Há dons comuns à maioria dos que sentem a necessidade de se esclarecer e comunicar pela arte, para quem a arte, digamos, é a sua voz, e há peculiaridades que explicam cada caso individual. Escrever foi para mim, e desde o início, um modo de estar activamente presente no mundo e de participar das coisas que, sem esse veículo de interferência, me seriam vedadas ou, pelo menos, a cujo convívio não saberia dar expressão. Escrever foi e tem sido alvoroço, tortura e exaltação. Escrevo com prazer? Ainda hoje não saberei dizè-lo, pois na intensa e sofrida inquietitude que o escrever me exige, no conflito árduo entre o que pretendo e o que realizo, na insatisfação sempre crescente, na angústia e no desânimo, há decerto, um deleite para o qual não se encontrou ainda palavra ajustada. Se, emfim, escrever me atormenta, são mais difíceis de suportar as fases estéreis de corrosiva aridez."

Fonte: Encontros com Fernando Namora. Porto: Ed. Nova Crítica, 1979.

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