"Os sonhos são todos antigos. Os sonhos só se atualizam. Eu acho que havia um sonho, um desejo de um dia fazer ficção. Porque veja, em 35 anos de trabalho universitário, um trabalho exclusivamente conceitual, eu lidava com psicologia e filosofia e particularmente com psicanálise. O trabalho conceitual é árduo, mas você tem um guia, um trilho, você tem os comentadores aos quais você pode recorrer, você não está inteiramente sozinho, perdido, pelo contrário, você está até muito acompanhado. Eu tinha uma vontade muito grande de experimentar um tipo de criação inteiramente livre que não estivesse preso a trilho nenhum, à espinha dorsal prévia nenhuma. E eu tinha sempre uma fascinação pelo romance policial desde a adolescência. Mas uma coisa é gostar do romance policial e outra coisa é escrever. Quando eu resolvi fazer ficção, eu falei: bom, fazer ficção não implica fazer romance policial. Que ficção eu vou fazer? Porque eu sempre gostei da literatura em geral. Eu achei que um bom ensaio, uma boa tentativa inicial seria através do romance policial. Eu acho o romance policial muito rico. Porque ele lida com questões muito fundamentais do ser humano.
Fonte: www.ucm.es/info/especulo/numero34/garoza.html
Espéculo. Revista de estudios literarios. Universidad Complutense de Madrid