"Também não me agrada muito, é verdade, a excessiva influência do cinema sobre a jovem literatura contemporânea. Escritores que desejam escrever “como se fizessem filmes”, ou “para competir com o cinema”, deveriam fazer cinema, e não literatura. Mas veja: um romance como Nadja, de Breton, lida diretamente com a fotografia - sem que em nenhum momento pretenda competir com a fotografia. Enquanto leio os romances de Noll, “vejo” as histórias de Noll, o cinema de certo modo está ali - mas não como imitação do cinema. Lembro ainda que, em matéria de arte, o purismo é sempre muito perigoso. A arte é o terreno do impuro. Um artista só é grande quando se suja de sua invenção".
Fonte: Balaio de Notícias (Aracajú), nº 106, 11/11/2007 - Paulo Lima
"Os filmes de Akira Kurosawa ensinam, eu penso, muitas coisas importantes aos escritores. A principal delas é, talvez, a de que, na maior parte das vezes, o silêncio (a imagem bruta) vale mais do que mil palavras. Uma pausa, uma respiração, uma página branca, um corte: e eis que, nas entrelinhas, a palavra, ainda ela, se encorpa".
Fonte: CASTELLO, José. Aprendendo com o silêncio. http://oglobo.globo.com/blogs/literatura/