"Assino minha coluna semanal - dedicada aos livros - no O Globo. Não me vejo, porém, como crítico literário e nem é com essa postura que escrevo minhas colunas. Temos grandes críticos no Brasil, como Leyla Perrone Moisés, Silviano Santiago, Flora Sussekind, Beatriz Resende, Lourival Hollanda, Luis Costa Lima. Eles fizeram um caminho rigoroso nos bancos da universidade e são grandes leitores de teoria. São eles os críticos na acepção rigorosa do termo. Eu tenho apenas uma graduação em jornalismo. Meu mestrado foi em Teoria da Comunicação. O tema de minha dissertação, as chamadas 'revistas masculinas'! Por que digo isso? Porque, a rigor, sou um 'leitor comum'. Leio desde pequeno, mas leio sempre por paixão. Minhas escolhas são, em geral, caóticas. Costumo dizer que sou um 'leitor sentimental'. Escrevo na primeira pessoa. Falo dos sentimentos, temores, sonhos, que a leitura de cada livro provoca em mim. Ainda temos bons suplementos literários na imprensa brasileira. Mas hoje, infelizmente, são experiências minoritárias. Os cadernos culturais, em todo o país, costumam ser dominados pelas sessões de fofoca, colunas sociais, gastronomia, roteiros de cinema e teatro, pelos quadrinhos e horóscopo - mas raramente pela literatura.

Fonte> Revestrés (Teresina), nº 3, ago. 2012 - Samária Andrade