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Cinema
Marcio Souza

"(Adaptações cinematográficas de obras literárias) depende muito de quem faz a adaptação. Janela indiscreta, o filme de Hitchcock, foi baseado  em um conto muito vagabundo, por exemplo. O problema é saber diferenciar as pecualiaridades de um romance e de um filme".

Fonte: MARETTI, Eduardo. Escritores: entrevistas da Revista Submarino. São Paulo: Limiar, 2000.

"Bom, quando eu morava aqui em São Paulo, estudava aqui, trabalhei muito como roteirista da Boca do Lixo que era muito família naquela época. Boca do Lixo produzia filmes de cangaceiros, comédias caipiras. A censura era muito rigorosa, não tinha essa liberação dos costumes que é hoje o típico da Boca do Lixo, o que era uma pena, inclusive, porque poderíamos ter uma diversidade maior de roteiros naquela época, naquela oportunidade, não talvez de posições, mas pelo menos de temas. Agora é verdade essa história do Ferreira de Castro, aconteceu com ele. E era o romance A selva. Ferreira de Castro era o maior escritor da Amazônia e ele escreveu um dos livros mais importante da região amazônica, que é A selva, o relato clássico da cultura da borracha. A história toda se passa num seringal, tem um português que vai ser seringueiro na Amazônia e tal. É um romance muito sério, apenas de ser um português no seringal, não tem nada engraçado, é um livro seríssimo. E fui convidado para fazer o filme, fiz adaptação para o cinema e o Ferreira de Castro, inclusive, já tinha vendido várias vezes os direitos desse filme para as empresas americanas. Eles nunca tinham conseguido realizar, porque ele era muito rigoroso. Até que ele vendeu para um brasileiro que não ouviu o que ele dizia e fez mesmo o filme e me chamou para dirigir. E, de fato, ele assistiu ao filme, que era muito ruim, era péssimo, era uma das piores coisas que já foram feitas pelo cinema brasileiro. E ele foi assistir em uma estação em Lisboa e morreu uns três dias depois. Acho que fui eu que o matei realmente." [risos]

Fonte: Programa Roda Viva, da TV Cultura, 04/06/1990

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