"Então sou um escritor meio anfíbio, digamos assim, trabalho muito com o jogo da criação, o jogo poético, o lance de dados na poesia, como diria o Haroldo de Campos. E, ao mesmo tempo, para fazer esse jogo poético, preciso de uma sólida base investigativa. Só consegui fazer o Galvez, por exemplo, meu primeiro romance, depois de pesquisar para A expressão amazonense [do Colonialismo ao neo-colonialismo], um livro que foi publicado posteriormente ao Galvez, mas que é anterior ao Galvez. Quando publiquei o Galvez, ele já estava pronto, o Galvez acabou puxando a edição do Expressão amazonense. Esse livro é uma espécie de roteiro pessoal de conhecimento da minha própria região. Eu já tinha até me reportado anteriormente a quanto nós éramos forçados a ter uma educação lá em Manaus, para não ter o menor convívio com a região amazônica. E um pouco do roteiro desse aprendizado foi sintetizado na Expressão amazonense, como a base não só para o meu trabalho literário, mas também até para o trabalho teatral".
Fonte: Programa Roda Viva, da TV Cultura, 04/06/1990