"Escrevo diariamente, pelo menos uma ou duas horas, em geral na parte da manhã. Nos fins de semana, escrevo um pouco mais. Escrevo primeiro à mão, com caneta tinteiro, e em caderno que minha mulher, que trabalha com artes gráficas, me dá de presente. Depois passo o texto para o computador. Mas em seguida imprimo uma cópia e volto a mexer no texto com a caneta. fico nesse vaivém. Além disso, antes de começar a escrever, tenho de pensar longamente no meu tema. É uma espécie de devaneio dirigido. Monto as cenas na cabeça, faço quadros, estruturo tudo antes de passar para o papel. Acho que essa é a única herança que ficou da minha formação de arquiteto. Projeto um livro exatamente como um arquiteto projeta uma casa. Sei que nesse aspecto sou meio arcaico, meio anacrônico talvez, porque muitos escritores, hoje, escrevem sem nenhum plano, sem menhum esboço. Essa parece ser a tendência contemporânea e eu faço exatamente o contrário."

Fonte: O Estado de São Paulo, 09/12/1995 - José Castello

"Preciso ter a estrutura do livro na minha cabeça. Preciso ter idéias mais ou menos clara quanto à estrutura dessa ficção. Até alguns personagens, quem vai narrar, tudo é anterior à escrita. Se isso não estiver elaborado na minha cabeça, não começo a escrever, sinto que não estou preparado. Por isso demoro tanto para sentar e escrever. E depois demoo a escrever também".

Fonte: Um escritor na biblioteca: 2011. Curitiba: Biblioteca Pública do Paraná, 2013.