"O título do meu próximo livro é O lugar mais sombrio. O lugar mais sombrio é essa ruptura com o passado. Nos meus romances, se há um centro, um eixo mais ou menos secreto que se desvela para o leitor em algum momento, é a memória. Esse movimento da memória, e daquilo que não foi possível dizer. Porque nem tudo é possível ser contado. Mas o que pode ser contado é também um trabalho de memória e da imaginação. A grande literatura trabalha com isso. Grande sertão: veredas é um trabalho de memória, do grande jagunço que rememora sua vida pregressa, suas histórias proibidas e transgressoras de amor, as batalhas, toda a vida no centro-norte de Minas Gerais durante algumas décadas. Toda a obra de Marcel Proust segue no sentido de construir pela memória inventiva o passado da família, dos personagens. Qualquer grande obra tem a memória como uma espécie de quase irmã da imaginação".
Fonte: Um escritor na biblioteca: 2011. Curitiba, Biblioteca Pública do Paraná, 2013.
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