"Eu já estou um pouco velho, portanto, tradicionalmente já teria chegado à idade da razão, e à idade dos conselhos. Mas em literatura, ou em arte, é diferente. O velho deu o seu recado, sua obra está à disposição de qualquer leitor. Se ela for boa, vai durar alguns anos; se não for, irá desaparecer. Ao mesmo tempo, ele tem que estar preparado para o fato de que as novas gerações têm que surgir para dar um novo recado, que será próprio daquela geração. Então, esses novos autores têm que tomar o já construído, pelos mais velhos, não de forma obediente, mas como base, como suporte. Na minha geração, por exemplo, foram os grandes modernistas: Carlos Drummond, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Graciliano Ramos, José Lins do Rego etc. Eu me sentia como se estivesse subindo nos ombros deles para enxergar mais longe. Não para enxergar a eles, porque isso eles já haviam feito, e certamente melhor do que eu. Então, o que eu diria é o seguinte: suba nos ombros das velhas gerações e tente levar além o horizonte da literatura, da cultura brasileira e do pensamento ocidental.
Fonte: http://www.sergipe.com.br/balaiodenoticias/zeroberto_112.htm (4/5/2009)
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