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Crítica literária
Silviano Santiago

"A crítica literária brasileira é hoje muito fraca. Acho que não existe crítica literária no Brasil. Não existe crítica atuante que se interessa pelo contemporâneo. Não existe no Brasil uma formação inteligente do leitor. Se não existe uma formação inteligente do leitor, não pode haver uma crítica literária atuante. Para quem o crítico vai escrever? Qual é o interesse do jornal em pagar a um indivíduo para fazer resenhas inteligentes, se não há leitores? De um lado, temos o Ministério da Educação, que é uma força poderosíssima, devido aos livros adotados nas escolas. Recentemente, tivemos o escândalo Monteiro Lobato que é o que acontece quando o Estado se torna crítico literário. É complicado. (Leia texto de Alberto Mussa sobre o assunto na página 18). De um lado é a adoção, do outro são empresas particulares que acreditam que devem parte de seus lucros à causa cultural. E que também estão formando leitores, mas a partir de determinados processos que não abrem campo para o crítico. O crítico que estiver enturmado com uma geração que trabalha com dinheiro de empresas privadas também se sentirá coibido, porque sabe que tem um limite. Ele não pode ir até certo ponto. Acho essa situação muito complicada, mas não sei como resolver. Os escritores estão fazendo o que os autores da geração de 70 fizeram — Ignácio de Loyola, Márcio Souza, Ivan Ângelo, entre tantos outros —: saíram, como os jovens hoje saem, pelo Brasil vendendo o próprio livro e a própria geração. Eles é que estavam fazendo a atividade de crítica literária. Como naquele momento ninguém se interessava mais por literatura, esse autores saíam pelo Brasil inteiro vendendo seu próprio livro e falando sobre literatura. E todos se tornaram grandes figuras nacionais. Eles próprios, é uma loucura de paradoxo, eram críticos da própria literatura. Era o autor abonando a própria obra".

Fonte: www.rascunho.gazetadopovo.com.br em 25/01/2016

"Não existe uma linha que conduz do crítico ao escritor, e vice-versa. Olhando pelo espelho retrovisor, vejo que, quando muito, houve um movimento pendular que mais e mais foi aproximando uma à outra. Aliás, acredito que na história da literatura nunca tenha havido 'percurso' entre as duas instâncias textuais, a não ser que nos refiramos a autores de obras sem nenhum interesse estético e social. Existem linhas paralelas que se tocam, influem umas sobre as outras, se chocam, se misturam, criando um sistema de trocas, de rodízio, que atiça decisões na criação e reformula metas na crítica. Dessa forma é que caminhos são inaugurados na história da literatura. Existem, isto sim, obras literárias que se apresentam como nós de linguagem. Elas se concretizam sob a forma de texto (nem artístico nem crítico, os dois ao mesmo tempo)."

Fonte: Jornal do Brasil, 10/08/2002 - Cristiane Costa

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