“Não sei o que você quer dizer com meu desdém pela crítica, já que sou critico há 50 anos. Creio que você está se referindo àqueles que escrevem resenhas na imprensa popular com o objetivo de impedir que o público possa ler noticias de nosso tempo e espaço. Esses jornalistas são simplesmente publicitários, polemistas patéticos demais! Se me importo com o que a imprensa diz a respeito do meu trabalho? Não”.
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/01/2000 – José Castello
“Só existem dez críticos nos Estados Unidos, e a maior parte deles não escreve para jornais... De todo modo, já passei o diabo nas mãos dos resenhistas. Depois de A cidade e o pilar, levei um gelo interminável do The New York Times, que em sua edição diária não publicou uma palavra sobe cinco romances meus consecutivos. Em Time e em Newsweek, foram sete os livros que passaram em brancas nuvens. Isso com o tempo mudou. No caso de Lincoln, tive sorte porque vários bons historiadores falaram bem do romance. E nosso melhor crítico literário Harold Bloom, de Yale, gostou muito do livro. Mas se você desse uma olhada nas críticas e resenhas pelo país afora, chegará a conclusão de que sou um escritor deplorável. Os americanos são incapazes de distinguir um bom de um mau texto, e os resenhistas também não sabem a diferença. Em geral, me acusam de não amar Jesus ou de não amar o capitalismo, veja só você. Toda essa gente tem razões mesquinhas”.
Fonte: D.O.Leitura (SP), jun. 2003 – Ricardo Setti |