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Crítica Literária
Ivan Angelo

"Eu acho que seríamos injustos com os críticos se fossemos apontar os defeitos no trabalho deles, considerando as condições que ele têm atualmente. O trabalho é mal pago, eu trabalho na imprensa e sei quanto os jornais e revistas estão pagando. Eles têm de fazer muitas coisas para conseguir dinheiro, e um livro dá trabalho para ler e analisar. As resenhas a gente não pode criticar dizendo que são ligeiras, porque essa ligeireza na imprensa tornou-se qualidade, e não defeito, não é verdade? Bom, então o que temos, na realidade, é um comentário conteudístico e, no último parágrafo, vem é bom, é ruim, é mais ou menos, na base do gosto pessoal. Nessa base eu estou muito bem, só tive uma crítica mal-intencionada do ponto de vista ideológico, só uma. Não vou dizer qual, mas os preconceitos e os dogmas entranhados no raciocínio do crítico estão muito visíveis, ele pedindo um herói em choque com a sociedade, pedindo um encadeamento de ações que conduza a consciência do leitor, coisas assim. Agora, análises mesmo, tive poucas. Creio que faltaram análises que abordassem meu trabalho com as palavras, que examinassem o uso crítico que eu faço de certas linguagens, as minhas soluções para um dos problemas que excitavam e, às vezes, até inquietavam os poetas e ficcionistas do modernismo brasileiro, que é o problema da simultaneidade."

Fonte: STEEN, Edla van. Viver & escrever 2. Porto Alegre: LP&M, 2008.

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