“Eu acho que existe muito mais uma função social (na literatura) do que um efeito político. A literatura fala mais do social do que da sociedade. Fala das relações de poder, do dinheiro, dos complôs, das conspirações, manipulaçãoes, tergiversações, que na realidade são o que faz funcionar realmente uma sociedade. Esse é o mundo da ficção. Acho que o romance toca de perto o funcionamento de certo tipo de relações sociais, dizendo mais verdades do que constuma dizer os experts em ciencias sociais”.
Fonte: O Globo, 05/01/1992 - José Negreiros
“Eu mantenho discussões constantes aquí em Buenos Aires faz muito tempo, porque acho que o intelectual e o escritor devem defender a política do imposível, a política do que não pode ser, já que para a política do real já existem os políticos. Eles nos dizem quais são os limites do possível, eles fazem uma política pragmática que aceita a existencia de coisas justas e injustas, verdadeiras e falsas, e que tudo isso é relativo aos limites e restrições do real. Os políticos adaptam a verdade à realidade e acho que os escritores (aqueles que me interessam) fazem o contrário, ou ao menos tentam. Nós escritores estamos mais ligados a um discurso político antagônico diante desse discurso do possível”.
Fonte: Jornal da Tarde, 20/09/1997 – Laura Hosiasson
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