por Ariano Suassuna
“João Cabral de Melo Neto me acusava de apresentar um sertanejo falsificado. Eu digo, olhe não é falsificado não. O Fabiano de Vidas secas é um sertanejo. Agora, Graciliano só via no sertão os sertanejos que eram parecidos com ele. Reforçava o lado prático dele, despojado, calado. E eu não sou despojado. O pessoal tem horror, que é errado escrever com adjetivos. Eu só sei escrever com adjetivos. Dizem que o período tem que ser curto e às vezes eu faço períodos longos. Eu sou muito diferente, eu preciso de outra coisa. Não é que meu sertanejo seja falsificado não, nem o dele. É que cada um de nós vê diferente. Ele se identificava mais com o sertanejo caladão. E deviam falar nesse negócio de ausência de adjetivos e períodos curtos. E eles inclusive escreviam desse jeito, para imitar Graciliano. Aí eu disse: ‘olhe, vocês estão transformando um cacoete, aquilo que é apenas uma característica do mestre (Graciliano era um mestre)’”.
Fonte: Preá – Revista Cultural do Rio Grande do Norte. n. 14, out. 2005 – Gsutavo Porpino e Racine Santos.
Por Jorge Amado
"Só sei que quando li Caetés achei que ali estava um grande escritor e que eu precisava conhecê-lo, mostrá-lo para o mundo. Por isso fui até lá (Maceió) e iniciamos uma amizade que durou enquanto ele foi vivo. E minha admiração por Graciliano só tem feito é aumentar depois de sua morte.
Fonte: Cadernos da Literatura Brasileira, nº 3, mar. 1997
Por Oswald de Andrade
“Graciliano é muito limitado. A crítica confunde pobreza com poder de síntese”.
Fonte: Versus (São Paulo), n. 6, nov. 1976 – Marcos Rey (Extraído do Jornal da Senzala, n. 1, fev. 1968)
por Rachel de Queiroz
"Considero o Graciliano um dos maiores escritores que já escreveram no Brasil...
O Graciliano, eu o ponho logo depois do Machado de Assis ou ao pé do Machado... Era a vida pessoal deles todos e acompanhei a obra de um por um, de forma que até é difícil para mim marcar preferências, a não ser Graciliano, que nós todos tínhamos como mestre. Era o nosso mestre, o Graciliano - o velho Graça -, era aquela unanimidade em torno dele".
Fonte: Programa Roda Viva, da TV Cultuta, 01/07/1991
por Silviano Santiago
"Graciliano sempre foi o o intelectual modernista que mais me interessou. Mas logo me deparei com um problema: o instrumental crítico de que eu dispunha não era bastante afiado para enfrentar o "caso Graciliano". Em Graciliano vida e obra se msituram de modo decisivo. Mas os métodos críticos que nós manejamos nos anos 70 neutralizavam totalmente a vida do escritor e se interessavam apenas pela obra. Foi assim que cheguei a Em liberdade como caminho para me aproximar de Graciliano. Trata-se de um livro que não é apenas ensaístico, mas é também ficcional e histórico. Um livro em que todos os gêneros se misturam".
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/12/1994 - José Castello
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