"Sou uma mulher religiosa, tenho uma formação religiosa, nasci numa família religiosa. Minha avó era uma mulher que ia diariamente à missa, meu avô era um iconoclasta, detestava as missas, a igreja, todos os dias ele infernizava a vida da minha avó porque ela ia à igreja. Mas quando despertava pela manhã e a encontrava na cama, ficava em pânico, porque para não ir à igreja algo grave ocorrera, então ele a despertava e falava: 'Vai para a missa'. Então vivi nesse meio, mas não sofri punições. Fui crescendo, estudei em colégios beneditinos. Estudo muito a história das religiões, e isso me dá um prazer intelectual, mas também para conhecer o mundo das idéias. Deus para mim é de uma naturalidade tão grande, no meu cotidiano! É verdade, não tive problemas com Deus. Ele não me causa grande inquietação nem arrebatamentos extraordinários, porque estou habituada a conviver com Ele, as revelações são as emoções inesperadas. Geralmente as grandes revelações vêm do ser humano, seus gestos, uma lágrima, uma palavra, ou uma frasse musical, ou uma frase literária, um prato de arroz brasileiro".
Fonte: MARETTI, Eduardo. Escritores: entrevistas da Revista Submarino. São Paulo: Limiar, 2000.
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