“Minha agente fixou o preço em um milhão de dólares para desencorajar ofertas (de filmar Cem Anos de Solidão), e como foram-se aproximando disso, ela elevou o preço para algo em torno de três milhões. Mas não tenho qualquer interesse em um filme e, enquanto puder, vou evitar que isso aconteça. Prefiro que a coisa permaneça como uma relação particular entre o leitor e o livro... Não consigo pensar em nenhum filme que tenha melhorado um bom romance, mas sei de muitos bons filmes que saíram de romances muito ruins... Houve uma ocasião em que queria ser diretor de cinema. Estudei direção em Roma. Sentia que o cinema era um meio de comunicação que não tinha limitações, no qual tudo era possível. vim para o México porque queria trabalhar em cinema, não como diretor, mas como escritor de roteiros. Mas há uma grande limitação no cinema, pelo fato de que ele é uma arte industrial, uma completa indústria. É muito difícil expressar no cinema o que você realmente quer dizer. Ainda penso nisso, mas agora me parece algo como uma extravagância que gostaria de fazer com amigos, sem qualquer esperança de realmente expressar a mim mesmo. Então me afastei cada vez mais do cinema. Minha relação com ele é como a de um casal que não pode viver separado mas que também não consegue viver junto. Mas entre ter uma companhia cinematográfica e um jornal, eu escolheria o jornal”.
Fonte: Os Escritores 2: as histórica entrevistas da Paris Review. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
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