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Como escreve?
Jorge Luis Borges

"Quando alguma coisa me vem, uma espécie de vaga revelação – a palavra é pretensiosa, eu diria antes, quando entrevejo alguma coisa, que pode ser um poema, um conto, uma página de prosa –, ela me é revelada em seguida. Eu procuro intervir o menos possível no que escrevo. E como não tenho opiniões definidas em matéria, por exemplo, de ética ou de política, procuro não deixar minhas opiniões intervirem no que eu escrevo. Kipling dizia que podia escrever uma fábula sem que lhe fosse dado conhecer a moral. Isto é, que ele era o depositório de uma ficção e que, em seguida, a leitura feita era diferente. Assim, uma obra inteira pode adquirir um valor que vai muito além da intenção do escritor. Um valor que lhe é estranho. Eis o que corresponde ao antigo conceito das Musas, do Espírito Santo – ou aquele que em nossa moderna mitologia, que não é tão bela, se chama de subconsciente".

Fonte: Leia, São Paulo, setembro de 1985.

 

Depoimento de Maria Kodama, secretária e esposa de Borges:

"Bem, como todo processo de criação. era complicado. Muitas vezes seus contos, ou poemas, eram extraídos de sonhos. Ele sonhava muitíssimo todas as noites. Quando acordava, costumava analisá-los e decidia se serviam ou não para escrever algo. Se serviam, tratava de pensar que forma dar àquele material - prosa ou poesia. Em caso de poesia, ficava refletindo cada verso e ditando-o. Se optasse pela prosa, tratava de determinar que princípio e que fim lhe dar. E o miolo - não que não tivesse idéia da parte central, ele tinha de fato a visão do todo -, o miolo era como uma zona cinza que logo ia se tornando nítida como a revelação de uma fotografia..."

Fonte: MARETI, Eduardo. Escritores: entrevistas da Revista Submarino. São Paulo: Limiar, 2002.

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