por Adolfo Bioy Casares
"Bem, Victoria Ocampo [(1890-1979), escritora argentina], minha cunhada, costumava receber personalidades estrangeiras, escritores estrangeiros. Como estou de visita aqui, franceses, ingleses, italianos sempre estavam de visita lá. Os estrangeiros eram convidados. Ele era uma pessoa muito autoritária e exigia que seus amigos, que eram um pouco seus súditos, fossem às reuniões que promovia. Fui convidado. Eu não tinha vontade, mas sabia que, se não fosse, passaria por uma situação desagradável. Estava ali um escritor estrangeiro, estava o Borges, e Borges ficou falando comigo. Victoria ficou brava. Desculpem-me por dizer isso pela televisão brasileira, mas ela disse: “Não sejam uns merdas, falem com os estrangeiros." Borges ficou muito bravo. E daí, ao se sentar, derrubou um vaso e foi uma situação incômoda de levantar coisas do chão. Depois, voltamos a Buenos Aires juntos e continuamos a conversa. E, desde então, até que ele morreu, fomos grande amigos... A inteligência de Borges era irreprimível. Ele estava sempre inventando coisas e sempre estava me propondo histórias. Ele gostava de falar de literatura como eu gosto. E nos sentíamos muito amigos".
Fonte: Roda Viva. TV Cultura. S.Paulo, 28/08/1995
por Alan Pauls
"Borges sim, é um grande escritor. Só que é tão grande que é quase menos um escritor que uma língua, uma instituição. O que mais me interessa ele é a sua política literária, a idéia de que para escrever não se necessita ter nada, que se pode escrever roubando dos outros. Borges é um grande escritor político num país periférico, que escreve com o capital dos outros. É o escritor como ladrão, como expropriador. Essa atitude de Borges frente à literatura é muito estimulante, mas até mesmo que seus textos, que são de tal perfeição que é muito difícil alguém começar a escrever a partir de Borges. Ele imediatamente te esmaga".
Fonte: O Globo, 04/01/1997 – Flávio Ribeiro de Castro
“Borges, me parece, é uma fatalidade que todo escritor argentino tem de enfrentar. Não há como escapar de algum contato com ele, ainda que seja o contato fóbico. Ele já deixou de ser um escritor e se tornou uma instituição, como a língua argentina. A partir dele, é muito difícil escrever. Todos os que desejam escrever a partir de Borges acabam caindo em paródias involuntárias".
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/11/1995 – José Castello
"Jorge Amado é totalmente o contrário de um Borges, que é um homem que parece que não bebe, não fuma, não come, se diria que nunca em sua vida fez amor, que essas coisas foram para ele totalmente secundárias e que, se as fez, as fez por cortesia e nada mais. Porque na realidade toda a sua vida está concentrada nas idéias, nas leituras, na reflexão, uma vida puramente intelectual".
Fonte: Playboy, nº 130, maio de 1986
por Alberto Manguel
“Vou falar sobre Borges e o amor. Como muita gente, eu o conheci quando era adolescente, e, como muita gente, lia para ele. Para mim, é o grande escritor do século 20. Ele é sempre apresentado como um intelectual frio. Eu quero falar da sua relação com homens e mulheres, especialmente Stela Canto, para quem dedicou O Aleph... Borges estava sempre procurando pela mulher ideal, a mulher com quem ele pudesse ser não apenas um escritor, mas um homem de ação, um aventureiro. Ele procurava estas mulheres sempre em lugares errados e por toda a sua vida se apaixonou muitas vezes. Na minha palestra, vou tentar entender como ele usava a escrita para encontrar as mulheres... Borges tinha muito poucos amigos. Mas ele gostava de conversar comigo, e mantivemos contato até perto de sua morte. Sempre falávamos de literatura, praticamente o único assunto que o interessava. O extraordinário nele era a sua habilidade de trazer à luz o que tinha lido, fazer maravilhosas associações entre os autores mais díspares. Ele falava de Platão e Macedonio Fernandes, comparava Eça de Queiroz a Henry James. Sabia bibliotecas inteiras de memória, e podia citar trechos inteiros sem nenhum erro. Como também tinha muito senso de humor, gostava de citar péssima poesia”.
Fonte: Jornal do Brasil, 16/09/1997 – Anabela Paiva
por Alejo Carpentier
"Ninguém pode negar que Borges é um dos narradores mais originais e importantes da língua castelhana. Agora, parece – e muita gente o vê assim – que Borges foi descoberto há 20 anos. Não. A geração vanguardista – a minha – dos anos vinte já conhecia Borges. E o admirávamos. Infelizmente Borges cultiva um tipo de veleidade verbal, que se ele tivesse a graça de Dalí, talvez fosse tolerável. Uma vez perguntaram sua opinião sobre Dom Quixote, e ele disse que só conhecia em sua versão inglesa... Isto, dito por Dali, ficaria engraçado. Dito por Borges é uma estupidez... Não obstante Dali ser detestável como pessoa, pelo menos é engraçado. Mas Borges é carente nessa área. Uma carência agravada por uma atitude política extremamente reacionária, que leva-o ao extremo de congratular-se com Pinochet... Atitude indigna do espírito que sempre animou a intelectualidade latino-americana".
Fonte:Entrevistas: Alejo Carpentier. Havana: Editorial Letras Cubanas, 1985
por Cabrera Infante
"Já disse em outro lugar que Borges é o escritor mais importante que escreveu em espanhol desde a morte de Quevedo. Sei que toda a obra de Borges é mínima, comparada com Quixote mas ficarão dele alguns contos admiráveis como Pierre Menard, autor de Quixote ou talvez Borges e eu. Mas o que me interessa em Borges é a linguagem, essa mistrura de excessso e precisão. Ele é um dos poucos autores que transformam tudo, as coisas passam a ser vistas através dele. Cria inclusive citações.
Fonte: JOZEF, Bella. Diálogos oblíquos. Rio de Janeiro: Liv. Francisco Alves Ed.1999.
por Carlo Ginsburg
“Devo confessar que li Borges no inicio dos anos 1960, gostei bastante e acho alguns dos seus contos muito poderosos. Todavia o considero em escritor superestimado em demasia. Em meu entender, ele não é um autor de primeira classe, mas um excelente escritor de segunda classe. Mas, dito isso, é possível que eu tenha sido influenciado por Borges – sem saber e sem ser agora capaz de reconhecer – via Ítalo Calvino, um escritor e um homem extraordinário com quem muito aprendi e que foi muito influenciado por Borges, especialmente em suas últimas obras”.
Fonte: Folha de São Paulo, 13/06/1999 – Maria Lúcia G. Pallares-Burke
por Cesar Aira
"Não podemos mencionar Borges numa história da literatura argentina. Não está incluído na literatura argentina, ela está incluída nele. O mestre de todos nós é Borges, o escritor dos escritores. Somente um argentinio pode entendê-lo. Um estrangeiro que queira entender Borges deveria ser argentino. Os sonhos de Borges são os sonhos da literatura porque ele é a literatura. Quando quero assinalar um traço de Borges, temino assinalando um traço da literatura geral".
Fonte: JOZEF, Bella. Diálogos oblíquos. Rio de Janeiro: Liv. Francisco Alves Ed., 1999.
por Décio Pignatari
"Conheci-o em março de 1976, na Universidade de Indiana (...). Perguntado sobre seus sentimentos ao compor, respondeu num inglês pronunciado entre Oxford e Belgrano: 'When I write a poem, I am happy; when I write a short history, I am happy - but then, afterwards, I repent'".
Fonte: Folha de São Paulo, 20/05/2000 - Carlos Adriano
por Eduardo Galeano
“Borges é um sujeito muito acessível, sabe? Mas é um reacionário fantástico; ao lado dele Ronald Reagan é um Fidel Castro. A Maria Ester Grillo fez uma entrevista maravilhosa com ele, mas teve de cortar a metade porque ele dizia coisas que não fariam nada bem a ele. Ester disse: ‘Borges, eu te admiro tanto... gosto tanto do que você escreve... mas você brinca com os entrevistadores e as entrevistas... diz brincadeiras que eles levam a sério’. “Que coisas’ ‘Como os negros... você diz que são inferiores aos brancos’. ‘E são’ diz o Borges. ‘Você nunca olhou, nunca sentiu o cheiro deles?’ E daí para frente, como: ‘Os índios morreram e estão bem mortos’”.
Fonte: Ex- (SP), n. 11, fev. 1975 – Marcos Faerman
por Ernesto Sábato
“Comemoramos a chegada da revolução peronista, chamada ‘liberadora’. Um ano depois, denunciei dados fidedignos conseguidos por um grande jornalista, denunciei na televisão e no rádio, que estavam sendo torturados operários peronistas em diferentes locais, e dei nomes, sobrenomes. Dois dias depois, apareceu um manifesto encabeçado por Borges dizendo que tudo aquilo era uma infâmia. Era tudo verdade! E dali em diante não nos falamos mais. Mas isso não me impede de dizer o que vou dizer agora. Foi um mestre da língua, renovou a língua castelhana, como o fez (Rubén) Dario em sua época. A língua é o principal instrumento do escritor, mas também seu principal inimigo. De maneira que houve uma inimizade que durou praticamente o resto da vida, mas de origem política. Todos somos herdeiros de uma renovação da língua castelhana, sem dúvida nenhuma obra de Borges”.
Fonte: TV Cultura (SP), Programa Roda Viva, 12/09/1994
por Guillermo Piro
"Interessam-me a inovação e a provocação. Por isso gosto muito de Cortázar e não me interessa muito Borges, porque me parece o menos inovador que existe. Estou convencido de que em 100 anos não vai se saber quem foi Borges. ele não inovou em nada, só o que fez foi desenterrar velhas formas, não me parece um grande provocador. Respeito mais e me interessa mais Cortázar.
Fonte: MARETTI, Eduardo. Escritores: entrevistas da Revista Submarino. São Paulo: Limiar, 2000.
por John Barth
“Meu objetivo principal ao escrever A literatura da exaustão era fazer um convite à leitura do argentino Jorge Luis Borges, que eu descobri e lancei nos Estados Unidos, na época. O próprio Borges não entendeu o meu ensaio, infelizmente. Numa conversa posterior com ele, tive muito trabalho para convencê-lo de que não queria dizer que sua obra, ou a literatura em geral estava ‘exaurida’. Tudo o que eu afirmava era que algumas formas de narrativa, de fato, estavam esgotadas”.
Fonte: O Globo, 28/09/1991 – Luciano Trigo
por Juan Carlos Onetti
“Trabalhamos juntos na adaptação para o cinema de um conto muito bonito de Borges, O morto. Nossa relação foi muito passageira. Ele passou o tempo inteiro fazendo piadas porque os diretores achavam que o personagem principal do conto era difícil e contraditório. Borges, sentado com seu bastão, respondeu: ‘Ah, claro! Sabem o que os senhores podem fazer? Suprimir esse personagem!’. Ele passava o dia assim. Borges era contra o comunismo, achava a esquerda muita suspeita. Quando estive preso, muitas pessoas assinaram um manifesto pedindo a minha liberdade. Foram a Borges para que a assinatura dele fosse a primeira. Antes de aceitar, ele perguntou: ‘Esse rapaz é comunista?’. E só quando disseram que não ele assinou o manifesto”.
Fonte: O Globo, 06/12/1992 – Sandra Cohen
por Luiz Gusmán
“Como todo escritor argentino, tive um início borgeano. Mas seu aparato literário é tão perfeito, seu mundo tão intocável que eu me senti obrigado a eleger um outro escritor para contrapor a ele, um outro mestre que me ajudasse a desligar-me de Borges e, então escolhi Witold Gombrowicz. Acho que fiz uma boa escolha. Gombrowicz dessacraliza o ato literário e, em conseqüência dessacraliza Borges. Borges era perfeito e, contra essa perfeição, Gobrowicz vem humanizar a literatura”.
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/09/1997 – José Castello
por Manuel Puig
"Os meus colegas sul-americanos não têm me ajudado nada. Só o Mario Vargas Llosa. Os outros, não falemos! Não quero abrir a boca porque vai sair só horrores. Sobretudo do lado do Borges. Não falo da obra deles, mas como política de colegas. Não vou falar dos horrores que me têm feito, não vou dizer as maldades, não vou enumerar as humilhações, as coisas que tentaram sem sucesso. Porque os leitores me resgataram. Mas os meus colegas... não quero falar".
Fonte: Careta v. 53, nº 2738, 18/08/1981
por Mario Vargas Llosa
"Se fosse eleger um, seria Borges. Foi o criador mais original que a literatura latino-americana contemporânea produziu... A literatura latina merece destaque, mas Borges merecia o Nobel”.
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/11/1997 - Norma Couri
“Eu o admirei muito novo. Eu o vi algumas vezes, mas não tive relações. Era muito difícil ser amigo de Borges. Ele vivia como em um mundo à parte. Mas o conheci e, sobretudo, admirei-o muito. Agora, é muito evidente que é uma das grandes figuras literárias de nosso tempo. Não só da língua espanhola. Borges deixou dois grandes legados. Primeiro, revolucionou a prosa de língua espanhola, que, com ele, se desinflou, pôde se purificar de uma carga muito forte que trazia e se tornou inteligente. O segundo ponto é a ruptura de toda atitude local, provinciana. Creio que Borges é um escritor tão absolutamente universal que impulsionou muito os escritores de língua espanhola para não se fecharem em um mundo provinciano”.
Fonte: Correio Braziliense, 04/07/1999 – Alexandre Machado
por Marly de Oliveira
"Em 1968, eu vivia em Buenos Aires, onde meu marido exercia funções diplomáticas. Eu começara a traduzir, com Maria Juieta Drummond de Andrade, a Nueva antologia personal, e um dia resolvi fazer uma visita a Borges, que me recebeu (e a meu marido e a meu irmão) com muita afabilidade. Ele falou nas traduções que fizera de Walt Whitman, e até chegou a cantar. Também falou na sua admiração por Euclides da Cunha, e como eu lhe exprimisse a minha por ele próprio, acabou por me segredar: 'Se um dia te deres conta de que não sou o que imaginas, não digas que não te avisei".
Fonte: SARAIVA, Arnaldo. Conversas com escritores brasileiros. Porto: ECL, 2000 (Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses).
por Murilo Rubião
"Eu acho que se Borges tem essa influência oriental, eu não tive. Hoje às vezes aceito e acho as religiões orientais talvez mais puras do que as do ocidente, mas já vim a ter esse conhecimento numa época posterior, quando já não acreditava mais em nenhuma religião. Talvez por não ter conseguido aprofundar-me mais no catolicismo eu tenha ficado ainda somente no Velho Testamento, o que deve ser uma herança judaica. Os profetas, sua premonição, naquela violência, tiveram uma influência decisiva na minha literatura. Por isso eu não tenho muita ou nenhuma afinidade com Borges".
Fonte: www.murilorubiao.com.br (12/07/2008)
por Nadine Gordimer
"Nem é mesmo preciso citar Borges (entre os grandes latino-americanos). Borges é o único sucessor vivo de Franz Kafka".
Fonte: Os escritores: as históricas entrevistas da Paris Review. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
por Nelson Rodrigues
"Não me entusiasmo muito com Borges"
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/06/2002 - Tom Murphy
por Octavio Paz
“Acho que é um dos escritores representativos de nações ou paises e do próprio Borges. Ele é um mundo, isso sim. Um mundo como todos os grandes escritores. É um mundo argentino, com toda influência do povo europeu, como também os célticos. Ele foi um dos escritores que falou da literatura japonesa e chinesa. Não é o único e não é dos primeiros”.
Fonte: Pau Brasil (Revista do Departamento de Águas e Esgoto-DAE de S.Paulo), ago. 1985 – Getulio Alencar, Luiz Nogueira e Ana Maria F. Carvalho)
por Pablo Neruda
"Sempre alguém quer falar de Borges, ainda que seja um pouco excessiva a atenção que às vezes lhe dispensa, sendo ele um homem, não digamos um anacoreta, mas sim um homem de provada austeridade. É natural que a excelência intelectual de Borges faça com que sua figura e sua palavra sejam sempre examinadas e vistas como se fossem tão translúcidas que poderíamos penetrar até o outro lado de seu sentido ou de sua transparência. Nos últimos meses muitos argentinos receberam, com grande mal estar e não pouca ironia, suas palavras sobre a ressurreição vital e plena do movimento peronista, isto é, sobre o atual movimento de transição libertadora que passa o povo argentino. É preciso ver, quando se fala de Borges, que é natural que alguém não possa aceitar jamais uma atitude tão provadamente, tão empenhada e cultivadamente reacionária como a dele. Existe algo nisto de seu velho narcisismo de escola inglesa, e por esse motivo não devíamos nos preocupar. Claro, desconcertam se vem de um homem que, além de ser um grande escritor, é também m erudito e um ilustre arquivista, posto que foi o grande bibliotecário do país. É estranho que ele não compreenda que esta época excepcional da Argentina está cheia de fatos, formulações, desejos insatisfeitos, correntes profundas. Não se trata de ‘demagogia e bobagem’ como Borges qualifica o movimento atual, referindo-se a revolução argentina: tem que ser muitos os fatores, os matizes e os alinhamentos, é muita a profundidade documental, é muita a riqueza fenomenal da atualidade Argentina. Eu não creio que a Argentina não viveu uma época tão interessante desde o tempo de Sarmiento e Alberdi. Talvez Borges devesse pensar nestas coisas. Mas neste mesmo momento, apesar de sentir-me e ser antípoda de suas idéias. Eu proclamo e peço que se conduzam todos com o maior respeito diante de um intelectual que é verdadeiramente uma honra para nosso idioma. Naturalmente, seu incômodo com as idéias preponderantes na Argentina não só significa um descordo com a Argentina; também significa um desacordo com o mais valioso do mundo, com o que está crescendo no mundo, com a insurreição anti-colonialista, anti-imperialista, com um progresso das massas populares que está acontecendo em nossa América e no mundo inteiro. O desconhecimento de Borges sobre estas realidades argentinas é o mesmo desconhecimento que ele tem sobre a realidade atual do mundo”.
Fonte: http://www.puntolatino.ch/literatura/neruda7/ (Consulta em 09/05/2005)
Extraído da revista Crisis, n° 4, ago. 1973 – Margarita Aguirre
“É um grande escritor, e caramba, estamos muito orgulhosos a gente de lingua espanhola de que exista Borges, sobretudo a gente latino-americana, porque antes de Borges tínhamos muito poucos escritores que podiam afrontar a comparação com os escritores da Europa. Havemos tido grandes escritores, mas um escritor universal, como Borges, se dá muito pouco em nossos países. Ele foi um dos primeiros. Não posso dizer que foi o maior, e tomara que seja cem vezes superado por outros, mas de qualquer maneira ele abriu a brecha, a atenção, a curiosidade intelectual da Europa para nossos países. Isso é tudo que posso dizer. Mas eu brigar com Borges, porque todo o mundo quer fazer-me brigar com Borges, não o farei nunca. Ele não entende nada do que se passa no mundo contemporâneo e pensa que eu tampouco entenda. Então, estamos de acordo”.
Fonte: http://www.latinartmuseum.net/neruda.htm (consulta em 09/05/2005)
Extraído de: Pablo Neruda (1904-1973) Entrevista con Rita Guibert. México: Editorial Novaro, S.A., 1974.
por Régis Bonvicino
“Os poemas de Jorge Luis Borges e parte de sua prosa. Hoje relendo-o acho-o, digamos, bem mais limitado do que diz a lenda. Borges é meio panasso: faz literatura de citações, cria labirintos excessivamente literários”.
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/06/ 2006
por Ricardo Piglia
“Borges seria o escritor que conectou a Argentina com a literatura mundial e nos pôs em sintonia com o que poderíamos chamar de ‘o estado da literatura mundial’ Isso é o mais importante. Mas o pior de Borges é que ele impôs um modelo de estilo como se a única maneira de escrever na Argentina fosse escrever como ele. Isso vingou como uma praga”.
Fonte: O Globo, 05/01/1992 – José Negreiros
por Vladimir Nabokov
Segundo Fernando Monteiro, ao checar o escritor argentino, Nabokov ficou decepcionado. "Mas é uma literatura só de portais... São ótimos - como portais - mas não há nada do outro lado!"
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/8/2000 - Marcelo Pen
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