"Não escrevo continuamente. Só escrevo quando a escrita se impõe. Não sento à frente da máquina de escrever e falo: hoje tenho de escrever – e escrevo. De jeito nenhum. Escrevo quando me dá vontade. Nunca sei o que vou escrever, apenas sinto que estou com vontade: é o bastante para a criação começar a fluir. Desde 1963, sempre escrevo na mesinha da sala de minha casa no Rio Vermelho. Tenho um gabinete, mas não costumo usá-lo. Nunca dei o ponto final de um livro meu fora do país, em Paris, por exemplo, onde tenho casa no Marais. Precisava estar no Brasil para concluir alguma obra. (...) A história não existe antes de ser escrita... À proporção em que você vai escrevendo, a história vai se completando, vai se enriquecendo, vão aparecendo os detalhes, coisas novas... Nada é completamente premeditado. Muita gente pensa que, para escrever um livro, basta resolver escrevê-lo. Não é assim. Penso em escrever um livro porque quero dizer e falar de certas coisas... Sempre falei de sexo de maneira franca em meus textos. Por que esconder uma realidade que todos vivem? (...) Naturalmente minha personalidade se reflete nos personagens que crio. Em geral, os meus personagens femininos são mais citados. Mas acho que os personagens masculinos são tão importantes quanto. Dona Flor é tão importante quanto Quincas Berro D’água, por exemplo. Eles são baseados geralmente em mim mesmo e em pessoas que conheci. Pedro Arcanjo, de Tenda dos Milagres, é resultado da soma de várias pessoas que conheci. Escolho o nome dos personagens por acaso, talvez pela sonoridade. É meio aleatório..."
Fonte: Correio Braziliense, 8/03/1998 - Rogério Menezes .
"Eu nunca tomo notas. Como escrevo sobre aquilo qe vivi, aquilo que conheço, uso muito minha memória. Quanto a métodos, sim, eu tento escrever todos os dias quando estou trabalhando num romance. Mas já aconteceu de interromper um livro para escrever outro".
Fonte: Cadernos da Literatura Brasileira, mar. 1997
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